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domingo, 29 de abril de 2012

FOI MASSA FAZER MASSA CONTIGO

Adorava brincar de massinha contigo. Voce falava explicado, apesar da pouca idade, e enquanto brincávamos com a massinha, sua imaginação te dava asas e você inventava um monte de escultura, que só as mães sao capazes de descrever. Eram objetos tão abstratos, mais nominados e definidos apenas por sua imaginação. 

Uma tira colorida de massinha, virava cobra, peruca, pneu, bola, biscoito. Ate aí eu o acompanhava, mas também virava dino da silva sauro, toca do Gugu, máscara, e aí meu filho, as historias que você inventava com as coisas que fazia iam além do convencional. Mas eu amava tudo aquilo, apesar do pouquíssimo tempo que tínhamos juntos.  

Lembro quando aprendemos a fazer massinha numa receita caseira, e aquela massa fedia, mas voce fazia anel, pulseira, relogio, dispositivo de power rangers e um monte de coisas que voce inventava e nos fazia usar. E na epoca das geleias grudentas nos potinhos, ou de quando tinhamos que fazer fazendas e fazendas com bichos que eu nunca tinha ouvido falar, ai eu dizia que não podia fazer, e você tentava explicar como se fazia o prototipo desenhando um rabisco indecifravel e mandava eu fazer. Só rindo. 

Ah, mas teve o tempo das massinhas grudadas no tapete ou no carpete, antes de remove-los por conta da sua alergia. Eu ficava chateada com aquilo mas era inevitavel os resquícios das massas onde não deveriam aparecer. E as cores que formávamos e você batizava-as com novos nomes, tinha massinha cor de cocô de gato, de vomito de morcego da fazenda de vovó, só Jesus na causa. Aí vieram as massinhas com potinhos e ferramentas, mas quando elas chegaram a sua alergia era intensa e mesmo o produto garantindo sua atoxidade, nossas brincadeiras ficaram mais esparsadas.

Uma vez ou outra ele trazia a massinha do colégio e a gente brincava um pouco e depois eu tinha que desprezar a nossa materia prima, e passamos aos desenhos. 

Há um ano, no dia 29/04/2011, brinquei de massa pela ultima vez com Rafa e hoje isso não saiu de minha cabeça. 

Eu havia comprado uma maquina de fazer massa, não de modelar, mas massa comestível, macarrão. E só a inauguramos neste dia, enquanto o Imposto de Renda era revisto e emitido, eu e Rafa experimentamos a maquina pela primeira vez. Rimos muito enquanto Rafa sovava o nosso futuro talharim. Seguimos passo a passo a receita, escolhemos o tipo de massa e cozinhamos um kilo de massa fresca entre espaguete e talharim. 

Fiz o molho, e ele super empolgado me ajudou a por a mesa, tudo lindo, o sabor espetacular, e Rafa se sentindo um super chef, pedindo notas das massas, etc. Ficou tao bom que no outro dia virou almoço, com direito a quatro convidados, minha mãe, minha irma, seu namorado, e a nossa faxineira, a massa evaporou, foi um sucesso. Rafa nao chegou a tempo para o almoço, naquele periodo ele ja se demorava mais na escola, e tinhamos pouco tempo de almoço por conta do segundo turno do meu trabalho. 

 Assim como amava brincar com as massinhas de modelar, amei brincar de fazer macarrao com Rafa, naquela noite brincamos com as tiras de macarrao que fazíamos. Desde aquela noite, nunca mais usei a maquina de fazer massa, olho para ela e lembro sempre daquela noite especial, dele abrindo o vinho para servir, dele dizendo que era um dia especial e usando as taças de cristal, toalha de mesa mais refinada, todo prosa e brindando com o suco de maracuja na taça de vinho tinto e um sorriso largo de dever cumprido. 

Saudades filho, muitas do sabor daquele dia, de sua companhia e de nossa diversão na cozinha.

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