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sexta-feira, 20 de abril de 2012

QUERIA FAZER UMA ENGENHOCA

Eu queria comprar um aparelho novo, mas nao sei onde. Nem sei se ja fabricaram. Talvez sim, mas dada a importancia e a serventia, de repente, quem o criou, nao possa compartilhar com ninguem, sob pena de perder o direito de uso. 

Fico imaginando uma forma de torna-lo real. 

Queria um artefato que fosse capaz de me deixar ve-lo, quem sabe poder toca-lo, até conversar com horas de diferenças mas, de algum jeito palpável, ter noticias. 

Parece loucura, mas converso com outras maes na mesma situação e o desejo de saber é muito maior que a racionalidade da vida. O desejo de continuidade, de qualquer forma abreviada de continuar, toma a nossa mente, como uma ideia fixa que nos molesta a integridade emocional e cognitiva. 

Hoje foi assim, tentei inclusive direcionar a mente para sonhar contigo, pois tamanho é o desespero sem ter inclusive as experiencias tão reais de sonho. Ontem eu era completa e nao sabia, hoje sou faltante em imensidão, e entre um e outro, quase onze meses me separam de você e não sei quantos mundos nos tornam distantes. 

Imagino uma escada florida. Eu nao sabia onde ela me levaria, mas sabia que tinha forças para percorre-la, porque tinha você, combustivel de minha jornada. Hoje minha escada é dura e fria paisagem, tambem não sei onde ela me levará e não tenho vontade de descobrir, porque os degraus exigem mais perna e um esforço muito grande, com um folego que me foi tirado quando nao o vi mais respirando. 

Então, nestas horas, fecho os olhos e imagino um artefato, daquelas engenhocas nao muito rebuscadas e de simples funcionamento para uma pessoa não tão adepta de tecnologia,  mas que captasse sua risada, seu caminhar, o jeito que você coçava a cabeça, de certa forma, que captasse seu cheiro e que me desse a sensaçao de ouvi-lo mais uma vez. 

E se desse tudo certo, queria que minha engenhoca tivesse um botao, um dispositivo qualquer, que me proporcionasse a emoçao de ter suas maos entrelaçadas as minhas e sentir seu aperto, e numa segunda opção de intensidade do botão, que me permitisse sentir aquele beijo estalado na cabeça e depois na minha testa, e assim como meu pai, um beijo no olho fechado.

E finalmente que a ultima opção do equipamento fosse de permitir que tudo fosse registrado numa filmagem, ou numa foto nova para selar nosso encontro. Saudades.

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