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sábado, 28 de janeiro de 2012

ILUSTRAÇÃO DE COMO ESTOU

Ontem resolvi escrever e pesquisar sobre famosas que também perderam filhos, independente de ser único.  Percebi que a maioria delas, apesar de quase 20 anos depois ainda se referem a dor e a perda como coisa recente, ainda muito fresca, embora tenham tocado a vida.

Também percebi, e pode ser apenas minha ótica, que quando eles morrem jovens, adolescentes ou entrando na vida adulta, os conflitos para aceitar essa situação ficam mais acentuados, não consigo dizer porque. Talvez por terem vivido mais que as crianças. e daí projeta-se mais lembranças acrescido do fato de que se ainda não eram adultos, de alguma forma dependiam de nossa proteção, seu pais.

Embora eu fale todo o tempo sobre minha perda, e cada vez mais ela ressoa em meu intimo, como badalo de sino ecoando o barulho que essa perda provoca em mim, já começo a perceber que falo sozinha, que já cansei aos ouvidos mais próximos, e os distantes, esses não podem me ouvir.


Lembro de voce Rafa, quando queria me perguntar se eu estava te ouvindo, e pedia para eu repetir as ultimas palavras que voce tinha falado para confirmar. Ás vezes, nem eu consigo me ouvir, é ensurdecedor esse silencio, sua fala silenciada em nossa casa, sua voz emudecida em meus ouvidos, suplico todos os dias que eu consiga entender o seu silencio cada dia de forma mais intensa.

A reação do culto de formatura, cujo sacrifício de ouvir os louvores ainda provocam-me mais do que acalmam-me, ainda surte efeito maltratando meu coração. Agradecer por ter se lembrado de mim, e tantos outros termos me fazem questioná-Lo todo tempo.   Hoje comentaram que Deus tem um proposito, Ele quer me ensinar algo com  a morte de Rafa. Eu sempre o interrogo, se eu não aprenderia sem perder a unica coisa importante que eu tinha.  Alguém que tem se levantado para  interceder por mim, também falou de dom, sobre meus dons. Nunca dei valor, e hoje menos ainda, trocaria qualquer dom, seria a pessoa mais vazia que pudesse ser, para tê-lo de volta.

Ainda me questionam e exigem que eu vire a página.  Mas não consigo alcançar nenhuma pagina de minha vida. Sinto-me numa ventania onde meu livro foi totalmente rasgado e minhas paginas sucumbem à força do vento, não as alcanço. E a unica que gostaria de ter novamente em meu livro, a mais linda pagina de minha vida, não está mais ao meu alcance.

Confiar. Tem sido tão difícil confiar, para todos os lados que olho e em todas as direções, nunca me senti tão sozinha, mesmo que cercada de cuidados, o vazio é muito maior que o mundo que me cerca.

Ontem falaram sobre fé, até a minha tem falhado muitas vezes. Espero tem um pouco dela amanha, ao enfrentar com Neide o dia em que Rafa Bispo faria 18 anos. Outro motivo para meus questionamentos.

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