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domingo, 30 de setembro de 2012

O QUE SERA QUE FICA DO LADO DE LA

Eu queria te ouvir filho.

Queria deitar na cama, você do lado, falando o que pensa sobre as coisas e fatos da vida. Queria dividir e compartilhar. Na verdade, bem que isso podia ser permitido. A morte merecia ter outra roupagem, e podia nos levar só a visão, e nos deixar o resto.

E fico pensando Rafa, o que me restou do lado de lá. O que te restou do lado de cá, e como trocamos isso?

Hoje eu precisava trocar com você  Trocar saudade por amor, trocar distancia por abraço, trocar silencio por atitude e cansaço de andar só por ser ouvida.

Hoje queria saber o que fica do lado de lá, e se não ficasse nada nosso, eu queria estar aí, só para não lembrar que falta a gente em tudo.

sábado, 29 de setembro de 2012

SENSAÇÕES

Sexta madrugada, sua corrente quebra novamente. Sempre acho que é uma tentativa de falarmos, de mantermos contato. Apenas sensação.

Sexta-feira, páira no ar a sensação de felicidade, mas não é só sensação. A vida pulsa filho em algum lugar distante da dor, ou paralela a ela.

Sexta a noite, sensação de pertencimento. Sensação apenas, mas de alguma forma pertenço filho a coisas que lhe pertenciam antes, família, risos, alegria, vida.

Sexta madrugada, sensação de não ter perdido noite, foi real, dormi com sensações que há muito não tinha, com a expectativa de que sobrevivi a dor, e Deus mandou a chuva.

Arco-íris apareceu no me céu.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

TUDO DE NOVO

Hoje, acordei com muita, muita saudades.

Sonhei que eu não lembrava mais de seu cheiro. Eu sua mãe. Vivia penalizada para viver a vida inteira sem sentir seu cheiro.

Fiquei atônita, boa parte do dia, pensando em como ia conseguir viver sem seu cheiro, acordei as pressas e hoje resolvi usar uma sandália rasteira, a filho, outra paulada... você não estava aqui para fechar as sandálias, como faz desde pequeno. Imagino que você  assumiu esse encargo apenas porque eu amarrava sem cadarço, penso que queria cuidar, contribuir e mostrar o tanto que ja conseguia novas tarefas. Ficou responsável a vida inteira. Hoje me dei conta, que a vida inteira acabou para você fechar as minhas sandálias, e tantas outras coisas.

Enchi-me de saudade, de culpa, de zelo, de vontade de voltar para o casulo e de prender você em minha memoria, em minha vida, seu cheiro em mim.

Mais uma para encerrar a noite, 1 comunhão de Sidinho, e vivendo tudo de novo. Enquanto via Sidinho entrando ali lembrava do batismo, e de você tão lindo naquela igreja. Isso também filho não pode ser compartilhado.

Viver, tem exigido muito de mim. E as vezes ficar próximo da leveza e da felicidade parece incongruente com a perda. Hoje eu queria sua aprovação. Queria seu colo, sua opinião, sua palavra.

Só hoje, tudo de novo.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

IMATURIDADE


Acabei de trocar sua roupa de cama, e não resisti e deitei no colchao. Embreei-me em seu cheiro e me revolto de saudade.

Chego a não acreditar, chego a duvidar que isso aconteceu conosco. Nestas horas páro o tempo e remoo o fato, e se ser madura é aceitar sua partida, e se aceitação é resultado de fé, de fortaleza, de superioridade.

Nestas horas, e na maior parte, sou a mais infantil de todas as criaturas.  Porque não aceito filho, ficar sem você e achar uma saída plausível para isso tudo. A cada passo para frente alguns para trás.

Hoje uma mãe falou que doou as coisas do filho, ha quase um ano falecido. As suas permanecem na grande maioria intocável. Tem dias que queria sumir desse mundo sem você, e no segundo posterior eu plotaria o mundo com sua essência. Não sei como agir e o que fazer. 

Gangorra emocional sempre.  E eu sempre morrendo de saudades. Tenho saudades filho...muitas.

A cada conquista que seja, que parece que enfrento a morte, no instante seguinte me perco na vida, porque nao vai ser normal, nao vai parar de doer, e nao dá para rir sem sentir sua falta, nem tentar ser feliz sem esperar seu consentimento, seu apoio, sua presença.

Se eu pudesse dormia e não acordava mais. Mas nem dormir ficou normal ainda. E nestas horas em que o mundo silencia na madrugada, meu mundo grita sua falta.

SAUDADES

terça-feira, 25 de setembro de 2012

LOUCURA

Loucura...

Penso muitas vezes que a loucura define tudo e todos. Em algum momento de nossas vidas, por menor que sejam eles, perdemos um pouco a razão e nos valemos da loucura. Na maioria das vezes ela passa, para muitos ela fixa residencia.

Outro dia imaginei que o mundo inteiro enlouquecia, menos eu. Porque de uma hora para outra todo mundo parou de te sentir, de te lembrar, de falar de você.

Só hoje percebi que não, a loucura nao está nos outros, reside em mim...que tento viver sem você, e por ser tao dificil continuar, faco da loucura a porta para te lembrar, te acender, te celebrar...antes que o mundo apague sua memoria. 

Sim...ainda falo de você todos os dias e ainda choro essa saudade, e ainda uso seu perfume nos dias mais saudosos, e ainda te tenho estampado nas roupas como segunda pele...e ainda espero o dia do reencontro com a mesma dedicação e ansiedade. 

Por onde for, quero ser seu par 




domingo, 23 de setembro de 2012

UM DIA DE CELEBRAR SUA MEMORIA

Hoje foi um dia diferente.  Não pela dor, ou pela saudade, ou pela necessidade de estar com Rafa, de levar flores, de passar um tempo lá, único lugar onde chorar é permitido sem ninguém te julgar ou incomodar. Mas hoje foi um dia diferente, porque ao contrario dos outros em que choro e lamento...esse eu queria estar junto, queria os meninos por perto.

Fiz tudo como antes, acordei com um telefone que só toca na minha imaginação, nos dias em que durmo antes das quatro da manha.E mesmo tendo ido dormir as duas, me pus em pé. Contemplei o céu chuvoso, e para mim, chuva nestes dias, representa a tristeza do céu por nos ver separados.  Depois esperei a hora de ir levar flores para você, e assim que me senti mais segura para dirigir, fui levar as nossas gerberas e suas rosas amarelas, de sua amizade, de sua alegria.

Desta vez ouvi musica e fiquei com você por duas horas e meia apenas....e ali ouvindo, os louvores e tentando dizer a Deus que mesmo doendo muito, sem entender nada, sem aceitar muito a situação, ou sem aceitar nada...eu estava ali. Eu continuava ali.

Mas tinha que voltar para casa, e passar o resto do dia ao lado dos que te amam. E assim fizemos, todos juntos celebramos nossas memorias, nossa nova realidade e indiscutivelmente ao falarmos de nós, falávamos de você.

Inauguramos o XBox...todos juntos. Todos animados com finalmente poder jogar e sei que você ia amar a resenha, a nossa farra e tudo o mais.  Tinha o seu tom...tinha o seu toque.

O dia acabou, todos partiram e restou eu e nossa saudade, e um coração leve filho, marcado pela dor de te perder mas aliviado por ter seus amigos nestas horas porque eles me fazem te sentir mais perto. Compartilhei com eles minha vida, dando satisfação como se fosse a você, engraçado isso, esse amor cresce tanto, parece que você deixou seu amor por eles aqui e eu os olho com seus olhos e os quero sempre perto, em tudo e para tudo.

Leveza no coração...porque sinto que estás feliz, sei que se pudesse escolher...era assim o dia sempre...por voce e para voce.

sábado, 22 de setembro de 2012

16 MESES


Hoje...16 meses sem Você, Rafa.

16 meses que não ouço sua voz, não sinto seu cheiro, não sinto seu abraço, seu colo, seu riso, sua força, sua cor, sua festa, seu som, sua voz.

16 meses, sem você.

Tentei diferente...todo mundo junto, meio que sem falar que hoje mais um mês se acresce em nossa distancia, mais um mes nos separa, mais um mês nos constrange a ficar longe.

Hoje..16 MESES..

Eu tenho a sensação de que sempre quis que hoje fosse ontem e nunca amanhecesse.

16


SAUDADES ETERNAS RAFAEL

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

SILENCIO

Silencio.

O mais absurdo silencio.

Daqueles que se ouve a pluma cair no chão, e que o nosso respirar fica cada vez mais forte, e mais denso por conta do silencio que nos cerca.

Mesmo que o mundo continue em festa e que seus barulhos ecoem em minha parede, aqui dentro o mundo silencia.

O meu mundo, o nosso mundo.

Trago no peito as marcas de nosso barulho, mas o silencio emudeceu a sua voz e ensurdeceu a minha vida.

Silente, tento ouvir de novo nossa festa, nem que seja em tom de nostalgia, de lembrança de infância ou com os ouvidos da saudade.

Mas continua silencioso o nosso mundo, com aqueles silêncios absurdos, onde até as minhas lágrimas gritam seu nome, e em silencio, sou sentenciada a seguir sem você me ouvir.

Seu silencio gritando em mim.

Silenciando gradativamente o laço fisico, o toque, o som da voz. As vezes ouço-a nitidamente, outras horas...profundamente silencia meu ser.

Silencio. Como pode expressar tamanho estardalhaço em meus braços e profunda comoção em minha vida. Silencio, roubando a paz. Silencio importunando a festa, o riso, o som.


Silencio.  Silencios...
16 MESES DE SEUS SILENCIOS...RAFA.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

MINHAS CAMISAS

Hoje fui instigada a pensar de forma mais incisiva sobre o que significam minhas camisas. Minhas camisas com as fotos de Rafa, e meu uso cotidiano delas.

Não sei como começou, ou sei, na missa de sétimo. Os amigos de Rafa fizeram a arte da camisa, a foto, e me deram uma ideia, escrever atras da mesma. Plotei com uma carta que ele me escreveu.

Naquele diz fiz duas camisas, naquela semana mais duas, e assim começou meu processo. O único lugar que comecei a ir nos dias que não queria ninguém por perto, eu fazia camisas, e enquanto eu escolhia a foto, o foco, as bordas, o clipart, a musica, a poesia, o recado, o embalo, o sonho, o lamento, a saudade, a imagem, etc. Eu ficava fitando Rafa ali naquela tela e com as diversas oportunidades que ela me dava.

E assim fui fazendo a centena de camisas que tenho hoje, e por mais que eu imaginasse que um dia ia parar de usa-las, ainda não imagino usar todos os dias. Ainda não sinto vontade de não sair com elas, e me pergunto por que? qual o sentido de usá-las ainda?

Não sei, eu gosto. É como se eu pudesse vesti-lo, é como se eu não deixasse que o mundo o esquecesse e como se eu mostrasse ao mundo que eu ainda tinha ele, de alguma forma bem presente em mim.  E talvez a forma de dizer, não sou mais aquela, não sei quem sou, mas não sou mais aquela, e por isso não cobre determinadas reações e características, porque não tenho mais ele, nem a companhia nem a alegria palpavelmente disposta em minha vida. É como se ele fosse minha bandeira, minha mensagem.

Sei que ele esta dentro de mim, e talvez por minha necessidade de ficar tanto tempo com ele, eu não tivesse vontade de sair para o mundo, de sair do meu mundo, porque aqui em casa ficar todo o tempo vestida em Rafa não provoca em ninguém uma nostalgia ou um constrangimento, por isso não queria sair daqui, aqui era eu e minhas camisas.

Ainda não estou pronta para sair para o mundo e para despir-me de suas camisas.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

QUANDO SE TEM UM RAFAEL PELA VIDA A FORA

Ontem a noite vi uma foto poetica, singela e bela sobre o amor da amizade entre duas crianças. Ele Rafa, ela Maya.

Dois seres pequenos em estatura, mas demasiadamente grandes para demonstrar amor. Dois seres minusculos em conhecimento, mas enormemente sabios em propagar a paz. Duas vidinhas mansas, plenas e calmas que se encontram todos os dias que se ajuntam nos espelhos de vossas almas.

Num primeiro momento contemplei a foto com efeito envelhecido. Maya é a unica filha de uma casal de primos meus, uma mini geniazinha, e Rafael seu melhor amigo. Seu amigo do peito desde quando mamavam.

Hoje eles têm dois anos e meio, enfrentaram saudades, distancia e têm uma ligação tão linda e tão forte que o muito amor é demonstrado sem falarem uma unica palavra, apenas pelo encontro dos olhos e das maos, captado numa lente de fotografia. Eles nao sabem definir absolutamente nenhum conceito sobre relacionamentos humanos ou amizade. Nenhuma teoria moderna ou antiquada podera ser explicada por eles, mas qualquer relacao humana ao espia-los pelas frestas do coracao, pelas brechas da alma, conheceriam profundamente a ideia de bem-querer.

Penso nos dois como privilegiados em ter um ao outro.

Mas penso em Maya com uma esperança grande no coraçao, so quem tem ou teve um Rafael vida afora, sabe o privilegio de ser amada por ele. O olho doce e terno do Rafa de Maya, me fez pensar na alegria e presente do meu Rafa.

SEGUNDA NAO ESCREVI

Fiquei um dia sem postar em protesto.
Protestei contra o mundo, contra mim, contra tudo que nao me permite ver em que direçao tomar a redia.
Protestei-me, e prostrei-me diante da vida.

domingo, 16 de setembro de 2012

UM ROJAO, DUAS CANTIGAS E MUITAS HISTORIAS PARA NINAR UMA MAE

Nunca participei de festa de interior, nao por me achar ou sentir mais cosmopolita, mas simplesmente porque na adolescencia nao me era permitido e na vida adulta nunca ter tipo oportunidade. Todavia, esse fim de semana, hospedada na casa de Laura, amiga de Rafa, a quem chamo de meu bebe tamanha a meiguice e dependencia, e a quem me refiro como minha herança rafaelica, em Dores, participei de eventos desse porte.

Aqui na cidade, muitas coisas que queria conhecer, em especial a mae de Jai, que tambem sofre a perda prematura de sua filha linda, alem de retribuir o carinho que os pais de Laura, em especial,sua doce mae, tem me tratado ao longo desss tempo em que nos consolamos mutuamente.

Estar aqui me trazia um desafio ver gente, fazer coisas diferentes e me expor um pouco. E é mais facil fazer isso aqui que nao tem ligaçao emocional com minha historia e com a de Rafa, do que em Aracaju ou Boquim por exemplo. Aqui eramos duas familias enlutadas, aprendendo a viver seus processos de luto. Nas casas das tias de Jai, sempre repletas de mini altares de fotos para lembrar a sobrinha linda que foi para a Gloria de Deus, e a minha casa cheia de Rafa em todos os cantos. Aqui ninguem me conhecia, mas eu sendo sempre a mae de Rafa, amigo de Laura. Na casa de Laura um mimo, um foto do meu pequeno na mesma reverencia que a dos demais membros da familia.

Só que ontem tinha uma coisa diferente na cidade, depois de todos os ritos religiosos que essas festas de interiores tem, como novenas, procissoes e missas, sempre tem o que chamamos de sagrado e profano, a festa do corpo. Shows, parques, atrações e muita gente na rua.

A proposta era so dar uma volta e assim o fizemos na sexta. O barulho, o frio, o som alto e uma banda em especial do inicio da noite deram o tom do dia. A banda era do primo de Laura, que havia falecido ha 05 anos num acidente, e o pai continuava ajudando a banda a se promover, porque de algum jeito o sonho do filho ficava de pé. Conheci o pai do menino e sua irma, que olhou para mim e disse voce é mae de Rafa, é a cara dele. Ela tinha conhecido meu filho. Voltamos para casa cedo e mais um dia sem dormir.

Mas no sabado tinha um desafio, a banda que Rafa mais gostava daqui do estado, de quem fez muita divulgaçao assim que a conhedeu, e a qual em um dos shows, ainda com Rafa presente, cantou uma musica onde ouviamos na gravaçao Gustavo fazer referencia a Rafael Muskito, e de cuja gravaçao Rafael se orgulhava.

Uma de minhas primeiras postagens aqui no blog tinha o seguinte titulo Rojao Diferente, o som que embalou meu filho. Ontem tinha Rojao em Dores.

Na festa de forro do ultimo ano de Rafa, da qual ele nao participou, a Rojão fez homenagem a Rafael. Eu timha planos de conhece-los em performance, Rafa ia me apresentar, iriamos para um show na F1, 15 dias depois do falecimento dele, ja haviamos combinado, mas ele nao conseguiu cumprir. Era a primeira vez que meu filho ia me levar para algum lugar que eu não conhecia e que nao fazia parte de meudia a dia. Ate entao eu que levava ele, e apresentava o mundo a ele. Eu estava faltando muito pouco para entrar naquela fase onde filhos trocam e ensinam muito mais que aprendem. Nao deu tempo. Nao vivi isso.

Neste periodo de perda de Rafa, cheguei a compor uma musica e mandar para a Rojao. Ate agora nao deu em nada. Mas ontem vi Rojao, conheci Rojao. E o nó engasgou e assim que os acordes começaram, choravamos eu e a sanfona.

Ate que chegou uma hora que eles cantaram uma musica que eu ouvia demais com Rafael,em outras vozes e logo depois a segunda musica que mais ouvi com ele, neste ritmo porque ele amava o arranjo ele falava sempre da musica. Parecia que naquela praça lotada só tinha eu e Rafa, mas nao o via, e as lagrimas rolavam quentes rosto a baixo.

Eu estava ali e meu filho nao. Que loucura pensar isso e que desespero na alma. Quem vem em meu socorro? O pai do filho falecido ha cinco anos e chorou junto, e depois daquele momento uma vontade de estar com os amigos de Rafa em qualquer lugar de qualquer jeito, e foi onde me recolhi, na atençao dos meninos que ontem nao me faltaram e nem sabem como me ajudam.

Ate agora nao sei se fez bem ter ido...só sei que mais uma noite em claro e um nó na garganta pela invasão das memorias das musicas na voz de Rafa, que me embalaram como cantigas para ninar uma mae.

Meu filho lindo, chama no mamao aí! (frase sempre dita pelo vocalista do Rojao), e em breve, muito breve quero estar em seus braços dando as piruetas que me dava quando me tirava para dancar...Ontem seu abraço, sua respiracao em minha orelha, sua mao na minhas costas conduzindo a danca, suas instruções sobre o arrocha que eu nao gostava de dançar e voce insistia e seu cantar em meu ouvido, nossas musicas prediletas, encheram-me de lembranças que eu ainda nao tinha me permitido sentir.

Sao seis cordas, são seis cordas para amarrar uma mulher...Voce so precisou de uma filho, a corda do cordao umbilical que continua existindo e me amarrando em voce, nesta simbiose de saudade e cuidados. Mais uma vez obrigado Deus, por permitir que eu lembre e compartilhe apesar de todo o sofrimento, porque lembrar do que vivi com Rafa me dá forças para superar o que eu nao consegui viver.

sábado, 15 de setembro de 2012

COMPANHIA DE VIAGEM

Eu sei que nao fui quem escolhi continuar sem voce, mas as vezes me sinto culpada. É como se eu tivesse feito opção de não tê-lo mais como companhia de viagem, e apesar de tambem nao ter escolhido nova parceria, ela obrigatoriamente nos persegue.

É comum eu comparar nossa relaçao a distancia com uma viagem. Como se tivessemos o mesmo destino, mas com um caminhar diferente, uma estrada diversa.

E ate bem pouco tempo eu andava segurando em sua mao, e confesso que sinto dificuldades ainda em solta-la. De alguma forma queria sentir seus dedos entrelacados aos meus. Sua visao na minha, na nossa estrada iluminava meu camnhar.

Quem dera pudesse te ter de novo visivelmente do lado, do meu lado. Quem dera fossd de novo minha companhia de viagem,de estrada, e sua paz minha rotina.

Quem dera pudesse me sentir de novo plena e cheia só por conta de sua companhia em minha empreitada. Quem dera, mas só eu ...dera. Eu dei...

Hoje nao desarrumo malas de viagem, porque nao as carrego mais. Em minha jornada o vazio que voce deixou preenche os espacos da mala sentimental. Como sem bagagem posso estar tao pesada. É hora de arremessar as bagagens, e minha mala compacta, acima do peso, e se mostrando tao leve nos demonstra todo o tempo, que ai inves de vocd,minha companhia vitalicia é a saudade.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

PERCEBI QUE AINDA TE ESPERO

Ainda te espero.

É confuso isso, saber que nao teremos alguma coisa e mesmo assim esperar. Sabermos que nao teremos outra chance e mesmo assim aguardar por ela.

Hoje me dei conta que aguardo por ela, ou seja, ainda aguardo voce. Nao é normal, eu sei. Nao critico os que me julgam louca, ate acho que fiquei um pouco mais, mas que importa se nessa saudade nao cabe guardar nenhum tipo de razao. Ela é insana por natureza, e quiçá por isso ela nos remete a essa espera.

Eu espero seu sorriso em tantos rostos desconhecidos.Eu me pego por horas tentando ahar a inclinaçao de seus dentes em outras bocas,ou o seu jeito de passar a mao nos cabelos. Procuro na multidao uma forma de rir parecida com a sua e seu timbre de voz emtantas bocas que por certo fico confusa em te achar em tantos lugares que vocd nunca foi e em pessoas que nunca vimos.

Eu ainda te espero. Te espero chegar quando vejo amigo juntos e os observo se aproximar e se despedir em meio ao tumulto, e espero a nova piada que ira me contar, mas meu riso nunca desce da imaginaçao para assumir a minha face. Pelo contrario, ao te esperar em minha saudade e ao te desejar em minha loucura encontro as lagrimas, essas sim, inseparaveis companheiras de minha estrada sem te achar.

Eu continuo te esperando chegar. E toda a tentativa que faco para andar sem voce, me traz no retorno para casa alguem que tambem continua te esperando. Alguem que posta sua falta, que posta a saudade que voce deixou e o desejo que nao tivesse ido.

Entendi que te esperamos. De alguma forma luto é isso Rafa. Uma tentativa de sobreviver a uma espera que nunca vai chegar, nao aqui nao agora. Mas eu... Eu continuo te esperando, e quando vejouma borboleta as duas da manha numa praça publica onde eu te esperava, eu sinto que voce chegou e me trouxe ate a porta de casa,onde outra borboleta tambem me visitava.

Eu percebi que ainda te espero.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

BEIJOS SUADOS SAUDOSOS

Sabe daqueles beijos melados que nos colam as bochechas e trasferem odores, sabia-os todos.

Sabe daqueles beijos, depois da corrida, da educaçao física, do futsal, do handebol, do esforço fisico, daqueles que nosso cheiro vem a tona, que aprendemos que a materia humana é tao, tao perecivel, preteri quase todos, queria-os de novo.

Sabe aquele beijo depois da balada, depois da festa de camisa, depois de um camarote, depois de muito suor e farra...mesmo assim, eu daria tudo por um beijo desse novamente.

Sabe daqueles beijos que naose limpa a boca, que nao se escova os dentes, que se come comida que deixa ranso na boca, que se come coisa forte e que se irrita ao outro só pelo cheiro, assim mesmo queria-os todos.

Sabe daqueles ultimos? Dos que os lembramos juntos, daqueles que aceitamos sem graca porque estamos na frente de alguem e a educacao nao permite que o castigo venha a tona, porque sempreo repreendi, mas tambem procurei nao envergonha-lo, queria todos sem raiva.

Queria todos de volta, de qualquer jeito, com qualquer cheiro. Queria seus beijos Rafa. E quanto mais suados, mais saudosos, beijos de felicidade...hoje beijos na saudade.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

OS NOVOS SES


Se eu creio em Deus. Se eu creio que Rafael faleceu no dia que Deus permitiu, da forma e do jeito que Deus permitiu, vivendo aquilo que lhe foi permitido e fazendo as escolhas que lhe foram pertinentes.

Se eu creio que existe vida apos a morte, que somos eternos e que um dia nos encontraremos, que um dia todo esse sofrimento mundano passara.


Se eu tenho confiança na palavra de Deus que nos garante a vida eterna e se eu creio que todas as coisas cooperam para o bem de quem ama a Deus, meu Deus....Rafa Te conhecia e Te amava. 

Se eu creio que ele esta bem. Se eu creio que ele foi e fez o melhor, se eu creio que ele foi especial em nossas vidas...

Por que isso não me consola? Por que iaso continua doendo e por que nao consigo sentir paz em prosseguir sem ele? Como eu queria ter logica e sabedoria para me responder.

Parece burrice, mas é desespero. E saudade, é amor.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

UM DIA LEVE PARA NOTICIAS PESADAS

De algum jeito fui acordada com amor hoje e sonhei em amar. Sonhar com recomeço é sempre muito difícil, e talvez no fundo eu não acredite ainda que possa recomeçar o que quer que seja, mas luto para conseguir.

Mas o dia foi implacável. Avo de Rafael no hospital. Um susto para mim, porque só pensava em minha sogra, perder filho e neto no mesmo mês e de quebra passar esse sufoco. Aí na hora começamos a trazer a memoria alguns dos comentários que ouvimos ao longo da vida, e um deles hoje ecoou em mim. Dizem que aqui se faz, aqui se paga. E que só precisamos esperar, que a vida se encarrega de ensinar.

Falando serio, nem sei o que uma pessoa precisa fazer de muito ruim para ter como castigo perder filho. E sei que não é castigo, e sei que não precisamos fazer absolutamente nada de ruim, ou qualquer coisa que justifique isso.

Todavia as coisas acontecem e hoje eu só pensava nisso, o que mães fazem de tão ruim para perder seus filhos. Por que existe esse tipo de dor? Tem coisa pior? NÃo consigo imaginar, e sempre caio em cima de meus inúmeros e ilimitados defeitos para meio que dizer...está vendo, você mereceu.

Uma menina que não conhecia desabafou sobre o luto que enfrenta na perda de um amigo de 15 anos, eu a ouvia e pensava, coitada dessa mãe.

Fiquei umas três horas com o sogro no hospital, choramos um pouco, falamos da vida, conversamos como fazíamos em tempo familiar comum, e ali naquela situação, ouvimos pais enlutados da chacina de Nilópolis no Rio, onde 06 amigos adolescentes foram assassinados. Choro de novo, de vergonha de tudo. 

De vergonha do país, de vergonha da sensação de impunidade, da sensação de injustiça, da falta de Deus no coração humano, e o pior de tudo, mesmo que aqui fosse um país sério e seguro, e que os criminosos de fato fossem punidos pelos seus crimes, nada, digo nada, alivia o coração daqueles pais. A gente quer justiça, mas o nosso maior querer é ter os filhos de volta, ou se livrar dessa dor de perde-los.

Vi a fisionomia de seis famílias de uma comunidade no Rio, e de uma comunidade inteira numa praça de um município daqui em Sergipe chorando seus filhos, e a sensação imediata é de viver o mesmo desespero que vivi em maio de 2011, e queria ter palavras na boca de fé e esperança, mas a dor nestas horas paralisa, e a unica coisa que penso é, você nem faz ideia mãe do que lhe aguarda.

Apesar da aparente alegria do inicio do dia, no fim dele, ele nunca é leve. Tem sempre o peso do luto, da perda, do vazio, da dor.

As vezes eu penso que as coisas não podem ficar piores, mas a vida sempre nos surpreende. E as coisas ficam piores. As vezes também achamos que na tempestade não teriamos chance, mas com os olhos inundados pela dor e pela chuva da tempestade, uma hora vai abrir o arco-iris, e vou estar ali, bem na frente dele querendo contempla-lo com os olhos ainda marejados e com uma esperança enorme no coração. 

A vida sempre surpreende, e quanto mais fraca me sinto, mas forte Deus me faz....




segunda-feira, 10 de setembro de 2012

E NO MEIO ENCONTREI VOCE

Andar com você, me inspira. Mesmo que não te veja fisicamente, que não toque em sua mão, ou que não escute sua voz, eu te sinto.

Uma tarde com cara de chuva, de bolinho de chuva, daqueles que fazíamos entre um trabalho e outro e que disputávamos mano a mano. Ceu triste, nuvens cinzas. Eu odeio cinza...lembra minha vida sem cor. E adoro azul...o azul do céu que via em teus olhos. 

Amor de minha vida...meu filho amado, estou cheia de você, transbordando de saudades.

É difícil  entender a morte. Entender a vida sem você. Entender quem e o que sobrou de mim.  Mas duas coisas neste processo nao se perderam, nosso amor, e amor de Deus por nós.

Mesmo que eu não entenda os motivos de sua partida, e que não me sinta consolada na maior parte do tempo, a cor do esmalte precisa voltar as unhas, porque eu também não sou isso que tenho sido, nem aquilo que um dia fui.

So uma coisa no meio disso tudo não mudou. Voce. Eu te encontro Rafa, no meio de tudo.

CAMINHO DE VOLTA

Diferente, percorri uma estrada nova, mas o caminho de volta é sempre o mesmo.

Sem esperanças, sem graça, sem você.

Foi lindo o domingo, o sol especial e a esperança e regozijo do dever cumprido.  Mas tinha a volta, e no caminho a estrada me fazia perceber que ando nos mesmo lugares, a mesma trilha que me afastou de você, ainda inunda meu pensamento.

No soluço abafado e no choro de lamento os passos se arrastam na trilha, e você sempre para trás.  Atras de meus sonhos, atrás no meandro da vida, atras em minhas costas...atras. E atras muitas vezes achei que não explica o que eu era e sou.

Caminho de volta. Trilha, estrada, rodovia, calçada, cama.  Imagino seu pé. Sua  risada, gargalhando de alguém, seu despreendimento em ajudar e sua saudade.

Caminho de volta, era tudo que eu queria...caminhar em volta de voce, e de volta para seus braços.

sábado, 8 de setembro de 2012

AGUAS QUE TRANSFORMAM VIDAS

Acordei com o barulho da chuva no telhado, e o cheiro de mato. Lembrei da aenda e do ultimo sonho. Lembrei de nossos banhos de chuva, de nossos banhos de tanque, de nossa vidaem familia. Dormi pensando em você e sonhei com saudade. Nao sonhei com voce, sonhei falando da saudade que sentia de fazer as coisas com você.

Sonhei com nossas histórias, com nossas lembranças, com nossos projetos. Sinto Sua falta perto, compartilhando cada nova fase, cada nova musica, cada novo medo. Queria sentir voce aqui, olhar nos olhos, brincar na chuva, melar de lama e se joar na pedra da cachoeira.

Cachoeira sem voce, uma torrente de aguas que levam o choro e lavam-me de noo, a ali as aguas se misturam como minha saudade de voce, minha tristeza em não te ver e ao mesmo tempo o desejo de que nossas aguas se encontrem e renascam no manancial das promessas de Deus.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

DESPATRIADA

Se diz daquele que não tem patria, daquele que não se reconhece na lingua, no povo, na naçao, nos costumes. Hoje sou uma despatriada. Remedios que nao apagam-me mais, barulhos que nao ensurdecem na prta da janela na festa da independencia, feriado que nao descansa so demonstra o cansaco da alma a esperar, e a vida que passa pela fresta de uma luz que nao reflete mais o meu sorriso.

Sou muitas de mim. Muitas que se esbarram e tentam definir-se mas nao se encontram nao se sabem, porque se perderam em um destes desfiles, numa das fanfarras da avenida em 1985 e ate hoje o quarto lugar do vestibular, dobrilho da festa explode saudade.

27anos sem meu pai. Num sete de setembro, em minhe frente ele olha o horizonte pela ultima vez. Toquei a vida, todos esses anos. O queria no jogo de medalha de voley, na aprovacao do quarto lugar do vestibular, entrando comigo na igreja,vendo-me oradora das faculdades quando da formatura, ou cmoprofessora homenageada madrinha de turma, segurando mnha mao antes de parir, etomando meu filho nos bracos. Ou o seu colo, e o seu carao em todos os meus erros e o seu beijo em meu olho manifestando o selo de nosso exclusivo amor.

27anos, e dias como esse a mesma trsiteza invade a alma. Te procuro e nao encontro, as vezes nao sinto. Cheiro, nem lembro da voz...mas lembro do amor, e isso me faz falta.
Agora sem filho, mais ainda...cuida dele painho, cuida dele Rafa. Cuida deles Deus...

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

DÓI TUDO HOJE E TEM TUDO AINDA PARA DOER AMANHA.

Falar de você as vezes dói. Escrever também. Sentir você dói demais. Porque te sinto longe, porque te sinto fora, porque te sinto meu, porque te sinto sem ser meu.

Dói. Dói te sentir assim de longe, de fora, de fundo. Mesmo sabendo que está dentro, profundo em meu mundo. Dói te querer e não te ter. Dói te buscar e não te achar. Dói sem passar. Dói sem parar.

Dói sem caber dentro de mim, todo esse processo de separar-me de voce. Dói levar a vida, tentar sorrir, buscar sentido, sem você aqui, RAFA.

Dói solidão, dói cansaço, dói andar sozinha tão vazia e ter tanto espaço. Dói chegar em casa, também dói sair daqui. Dói olhar nossa vida parada, sem vida, sem brilho, sem chance de evoluir.

Dói ter que andar, dói demais andar sem você.

Dói rir, dói brincar, dói pagar conta, usar telefone, ouvir musica, assistir tv. Dói feriado sem projeto, sem você. Dói feriado com projeto sem você também.

Dói ter coragem de ficar, dói ter coragem de sair. Dói filho, dói.

Dói falar de você, e a dor é mais dolorida, tem acento, silaba forte, dói como grito, dói como lamento, dói agudo. Dói sem parar, dói sem passar.

Dói simplesmente, dói tudo hoje e parece que ainda tem tudo para doer amanha.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

TEM JEITO

As pessoas simplesmente acham que um batom, um vestido florido, o salto costumeiro e o sorriso nos lábios resolvem qualquer coisa, mas não pacificam a morte.

Depois sugerem o trabalho, desafios, cabeça ocupada, diversão, amigos, casa cheia, viagens, saídas divertidas, mas essas coisas também não anulam a morte.

Depois definem que temos que nos doar, que fazer outras vidas sem pensar em despedidas, trabalho social, apoio moral, mas essas coisas também não substituem a vida ceifada pela morte.

Então as pessoas te rotulam, te destratam e te tratam como se fossem sacerdotes sobre sua vida, pajés sobre sua dor. Mas a noite continua comprida e a falta e a ausência latente.

Aí chegam em sua vida, apontam em sua cara, cospem em seus sonhos, riem de sua fé  e simplesmente dizem, você não quer melhorar não é? 

Só que a cama e o lençol destas pessoas continuam esticados e com cheiro de brisa de mar, mas sua cama não desfeita, vazia e com ares de abandono é a maior prova de que sua ausência ainda dá as cartas em nossas vidas.

Tem jeito, mas não é o seu. Não sei qual é, mas tem um jeito: o de DEUS.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

ENGANEI-ME UMA VEZ MAIS

Quase escancaro e quebro de novo a cara.  Enganei-me uma vez mais. Que vergonha filho de você, que vergonha em ter quebrado a cara no mesmo lugar de novo.  
Hoje eu queria sumir entre seus dedos e me aninhar em seu colo e implorar pelo seu perdão novamente. 
Eu não sei levar sozinha, preciso de você.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

AINDA TENHO UM MEDO

Depois de dias sem dormir, achei que fosse natural, inclusive pelo cansaço, achar fragmentos de sono. Mas o desespero é maior. Dividir contigo meus anseios nesta hora. Dividir as culpas, os medos, ouvir os conselhos e rir das minhas baboseiras contigo. Terminar a conversa na cozinha ou vendo um filme no DVD.

Hoje eu queria colo, eu queria festa, eu queria paz. As vezes acho que perdi a capacidade de acreditar. A capacidade de sonhar dura tão pouco, não sobrevive ao próximo pensamento.  Lutar contra mim mesma e enfiar minha crença goela abaixo, é o maior desafio.

Tem horas que acho que só atirando para todos os lados para ver se uma bala pára em algum lugar que mereça ser retirada. Tem horas que falta até a vontade de mirar o alvo, mesmo que sequer o tenha definido. O simples fato de mirar já consome o lampejo de disposição que restou.

Eu imagino coisas bem loucas, tipo ir para o lugar mais próximo do céu e com um ultra megafone, gritar e dizer como sufoca isso, porque as vezes acho que estão todos surdos. Não é possível que não tenha remédio para isso.  Não pode ser um serviço voluntário, um namoro, o trabalho ou outro filho. Isso é como fogo que não pára de queimar.

Domingo não postei, e chorei muito pouco é verdade. Diferente da sexta com dor e decepção e do sábado, que mesmo longe de casa, e fazendo coisas e atividades que as pessoas dizem fazer bem, meu rombo no coração estava ali insistentemente presente.  Depois veio a segunda, inevitavelmente sofrida.  É sempre assim, um dia menos infeliz e no outro dia, a culpa em tentar viver.  

Podia ser mais leve, mas não é.  A verdade em dias assim, é que eu queria te trazer de volta, de tirar dali, te deitar na cama, te fazer carinho, coçar as suas costas, e como eu reclamava de fazer isso. Faria hoje até perder as unhas.

Uma vez eu disse que não tinha mais medo depois que te perdi, descobri recentemente que é mentira. Tenho medo de te decepcionar. Esse continua. Tenho medo de escolher errado novamente, de fazer errado, de te envergonhar.

Talvez tenha outro, de nunca mais te ver.  Sei que você é especial demais,e tinha um coração de ouro e pode ser que eu não esteja a sua altura.




O MEU É SÓ ESPERA.

Hoje, primeira reunião de trabalho e a cara à mostra. Mas não era eu, era um personagem que enfiou a coragem no rosto e a indiferença no coração.  Sei lá quantas pessoas olhando para você, pela primeira vez desde que meu filho partiu, e ser profissional, e falar de um passado comum a todos, menos para mim. Não era um passado natural, o mundo deixou de ser normal.

Mas as pessoas insistem em ter receitas. Não suportam de forma alguma nosso sofrimento, ou nossa reação. Poxa, eu tenho que aceitar que beltrano não goste de banana, ou canela, ou goiabada com queijo, ou orégano na massa, e isso pode ser normal. Mas sofrer, chorar e dizer não to bem, não to legal, não to pronta, não sou eu, ah isso não pode. Eu posso entender seus motivos banais, e o meu fica banal na sua ótica. Amo essas comparações. Quer me consolar e fala que virou avô, que o filho cresceu, que a filha se formou. E quer saber como eu estou. Será que precisa ouvir? Ver não basta não.

Uma mãe pode ligar 20 vezes no dia para perguntar a baba, se o filho comeu, se arrotou, se lanchou, se dormiu, se fez xixi ou coco, se teve febre, se fez o dever, se comeu todo, se o cocô estava duro ou mole, se fedia, se soltou pum, se....etc. Mas ela é  normal, e ela faz isso meses e anos a fio. Os filhos crescem e ela continua falando trocentas vezes, mas ela é a super mãe, ela pode. E eu não posso chorar, porque não tenho para quem ligar, porque se ligo ele não atende, porque não posso perguntar nada do que ele desejaria que eu fizesse, não posso ter duvidas, anseios, saudades, arrependimentos, vontades, eu não posso ter vontade, porque todas, TODAS, têm um peso e uma justificativa, que precisam ser dadas, para manter as pessoas numa distancia saudável da gente. É só dizer que ela esta louca.

Todo mundo acha que pode contribuir dando sugestões para superação. É uma super receita de bolo. Eu sempre solei bolos.

Mas o que mais me agride, é quando as pessoas associam meu luto a beleza. Dizer que estou ótima  magra, cabelo numa cor linda, etc. Meu Deus o que querem?  Sim eu como, viu, e sim talvez a vaidade esteja voltando, mas beleza mesmo, ela transcende a alma, o sorriso é espontâneo e alegra o coração. O meu esta em luto. Não olhem, só isso.

Mas tinham umas trinta a quarenta pessoas hoje em minha frente. Eu tive vontade de gritar, sim sou eu, mãe de Rafa, simplesmente isso. Porque os outros papéis que vocês conheciam, esses eu ainda não quero assumir, não sei o que restou destes.  E sim, vou retomar muita coisa, só não hoje, parem de me olhar e me deixem em paz.  Mas a cada abraço e surpresa de quem me via pela primeira vez desde então, era só choro.  Meu filho conhecia a maioria daquelas pessoas, e naqueles corredores ele não passeia mais.

As pessoas não entendem que a vida continua, preciso tomar banho, comer, me vestir, trabalhar, mas tudo mudou de ótica de peso. O sabonete não é o mesmo, nem o creme dental, nem o shampoo que usávamos, nem almoço as mesma coisas, enfrentei o shopping hoje, e sim, ainda amo estar com as camisas dele e só abri uma exceção desde então. E não tenho a mesma paixão pelo trabalho, não sei porque, só sei que tem sido assim.

Cheguei em casa e pedi um lanche no automático, e assim que confirmei o pedido a moça perguntou é para Rafael, e eu disse sim. Quando abri o lanche era o que ele sempre pedia e foi difícil digerir. Mas ninguém entende, porque seus filhos estão em suas camas dormindo o sono tranquilo de um inicio de primavera, e o meu...o meu é só espera.

VOLTAR PARA CASA SEM VOCE

À medida que a estrada acaba eu tenho que voltar para casa. Deixo sonhos e algumas decepções para trás  mas nada se compara ao vazio da casa sem você.

Voltar para casa, não ter seu abraço no hall da parada, ou o teu beijo na porta de casa é um lamento ao meu coração, meu filho.

Abri a porta de casa, e saber que não tenho para quem voltar, ou porque voltar muitas vezes me traz o desejo de não voltar. Não há uma historia para continuar. Todavia, ficar longe de nosso universo aqui, me dói profundamente, é como se eu tivesse abandonado nossa historia.

Em 1994, quando eu voltava do concurso você desistiu de mamar. Passados 18 anos, a sensação era que você tinha desistido de mim. As vezes penso assim filho, que você desistiu de mim. As vezes sinto tanta raiva, como se você tivesse tido a chance de escolher e preferiu ficar aí, ou porque acho que você ia articular com Deus e de alguma forma me levar também.

Pus as bagagens no chão e fui direto para o seu quarto. Permanecia vazio.  Ali supliquei um pouco de sua presença. A sensação de voltar sem seu presente, sem pedir sua benção, sem te dar o beijo de batom na mão e sem te fazer o relatório é o pior castigo para voltar para casa.

Adormeci e te esperei em sonho, mas dessa vez, nem o sono colaborou porque a saudade doía pelo corpo e tirava a paz.








sábado, 1 de setembro de 2012

VESTIR VOCE

Hoje eu queria vestir você.

So assim não me sentiria nua, nua de mim, nua da vida, nua de sonhos, nua, desprotegida.

Hoje eu queria passar as maos pelas roupas do guarda-roupa e nao ter tecidos amontoados nos cabides, eu queria vestir voce.

Usar seus sonhos como chapeu, ter na blusa que levo no peito sua esperança por dias melhores, nos sapatos sua agilidade em percorrer a vida com a velocidade de sua leveza, ter nas calças a sua coragem, a sua ombridade, o seu despudor em fazer tudo simples, belo, autentico e etico. Queria ter nos labios as suas palavras, as suas verdades, a magia do ter sorriso, e no olhar filho, sua paz.

Hoje eu queria vestir voce, queria se voce, me tocando o ombro, sentando em meu colo, segurando minha mao, ou me fazendo cocegas numa tarde de sei la o que, de uma fita boba rodando no dvd e a pipoca esfriando sob a cama. 

Hoje eu queria seu chamego na cozinha, seus escassos elogios e severas criticas ao almoço só para tirar onda, ou o seu falar dormindo no cochilo da tarde.

Hoje, vestida de você, eu encararia os medos de outrora, e o unico que sobrevive: viver sem voce, sem me vestir de voce, nem que seja só hoje.