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terça-feira, 11 de setembro de 2012

UM DIA LEVE PARA NOTICIAS PESADAS

De algum jeito fui acordada com amor hoje e sonhei em amar. Sonhar com recomeço é sempre muito difícil, e talvez no fundo eu não acredite ainda que possa recomeçar o que quer que seja, mas luto para conseguir.

Mas o dia foi implacável. Avo de Rafael no hospital. Um susto para mim, porque só pensava em minha sogra, perder filho e neto no mesmo mês e de quebra passar esse sufoco. Aí na hora começamos a trazer a memoria alguns dos comentários que ouvimos ao longo da vida, e um deles hoje ecoou em mim. Dizem que aqui se faz, aqui se paga. E que só precisamos esperar, que a vida se encarrega de ensinar.

Falando serio, nem sei o que uma pessoa precisa fazer de muito ruim para ter como castigo perder filho. E sei que não é castigo, e sei que não precisamos fazer absolutamente nada de ruim, ou qualquer coisa que justifique isso.

Todavia as coisas acontecem e hoje eu só pensava nisso, o que mães fazem de tão ruim para perder seus filhos. Por que existe esse tipo de dor? Tem coisa pior? NÃo consigo imaginar, e sempre caio em cima de meus inúmeros e ilimitados defeitos para meio que dizer...está vendo, você mereceu.

Uma menina que não conhecia desabafou sobre o luto que enfrenta na perda de um amigo de 15 anos, eu a ouvia e pensava, coitada dessa mãe.

Fiquei umas três horas com o sogro no hospital, choramos um pouco, falamos da vida, conversamos como fazíamos em tempo familiar comum, e ali naquela situação, ouvimos pais enlutados da chacina de Nilópolis no Rio, onde 06 amigos adolescentes foram assassinados. Choro de novo, de vergonha de tudo. 

De vergonha do país, de vergonha da sensação de impunidade, da sensação de injustiça, da falta de Deus no coração humano, e o pior de tudo, mesmo que aqui fosse um país sério e seguro, e que os criminosos de fato fossem punidos pelos seus crimes, nada, digo nada, alivia o coração daqueles pais. A gente quer justiça, mas o nosso maior querer é ter os filhos de volta, ou se livrar dessa dor de perde-los.

Vi a fisionomia de seis famílias de uma comunidade no Rio, e de uma comunidade inteira numa praça de um município daqui em Sergipe chorando seus filhos, e a sensação imediata é de viver o mesmo desespero que vivi em maio de 2011, e queria ter palavras na boca de fé e esperança, mas a dor nestas horas paralisa, e a unica coisa que penso é, você nem faz ideia mãe do que lhe aguarda.

Apesar da aparente alegria do inicio do dia, no fim dele, ele nunca é leve. Tem sempre o peso do luto, da perda, do vazio, da dor.

As vezes eu penso que as coisas não podem ficar piores, mas a vida sempre nos surpreende. E as coisas ficam piores. As vezes também achamos que na tempestade não teriamos chance, mas com os olhos inundados pela dor e pela chuva da tempestade, uma hora vai abrir o arco-iris, e vou estar ali, bem na frente dele querendo contempla-lo com os olhos ainda marejados e com uma esperança enorme no coração. 

A vida sempre surpreende, e quanto mais fraca me sinto, mas forte Deus me faz....




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