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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

É COMO AGUAR AS PLANTAS EM DIAS CHUVOSOS

Hoje uma irmãzinha da igreja falou virtualmente comigo.Ela perdeu recentemente um irmão, a cumprimentei e ela me falou que estava levando a vida, e eu respondi que a vida estava me levando. É assim que me sinto.  Todos os dias estou a ponto de desistir da vida, não espero ou quero nada dela.

Certa feita alguém que não precisava ter passado por minha vida, comentou que pior que perder alguém pela morte, é perder alguém em vida. Meu Deus, quando eu ouvi aquilo foi uma espada afiada dentro de mim, porque eu me questionava, como pode alguém que perde um filho dizer que pior que isso era perder outra coisa, seja lá o que fosse.  E olhe que ela não havia perdido nada da fato que tivesse valor, pena que só descobri tanto tempo depois.  Porque se eu soubesse que ela achava a dor de perder filho menor que a que sentiu, obviamente eu teria ajudado.

Só que eu não sabia o que era perder filho. Hoje sei. É a sentença de sua própria morte, estando viva. É alguma coisa entre o sei lá e o nunca vou saber, porque cada dia eu fico mais convencida de que não vale a pena esta vida.

Fico tão cansada de lutar contra isso tudo, e tão cansada também em desistir, porque as duas decisões exigem de mim, uma coisa que não tenho mais...Vontade.

Às vezes, digo para mim mesma que isso vai passar, mas nem eu, nem meu corpo, nem minha mente, nem meu coração aceitam essa versão, ficando insuportável me convencer de alguma coisa que valha a pena continuar.  Como pode ser? Como posso seguir não sabendo mais quem eu sou? E não adianta o mundo me dizer quem eu sou, porque também me conheciam com ele aqui, sem Rafa, não sou mais eu, não sei quem passei a ser, sei e sinto saudades de quem eu era, só pelo fato de conviver com ele.

Tem dias que me falta coragem até para abrir os olhos, e também para falar ao telefone, atender a porta, entrar e ver os e-mail´s, etc., mas religiosamente faço muitas destas coisas na tentativa de me sentir viva, mas elas são ineficazes para este fim. Estou seca por dentro, morta, mas gero ainda com rapidez e proliferação a saudade, que sinto a todo instante de você, e do quanto me sentia viva ao seu lado.

Talvez ninguém nunca entenda, talvez só os mais próximos, os que te conheciam podem imaginar a falta que você faz, ou de como você era capaz de preencher uma casa, e as vidas dela.  Tem dias que aqui não tem diferença entre noite e dia, sequer acendo as luzes, é assim que me sinto, como as luzes de casa, apagadas.

Hoje dois amigos de Rafa postaram num site de relacionamento social, sobre a falta e a saudade de que ele faz.  Eles não moraram contigo, e aqui em casa, como imagino que fico? O que eu digo para o meu coração. O que dizer aos meus olhos quando fitam os seus nos porta-retratos?

Minha mente vasculha todas as possibilidades de te encontrar, e tem sido tão escuro achar uma solução. É como acender as luzes de casa, as minhas não iluminam mais nada, porque não preciso mais desta função. É como aguar as plantas em dias muito chuvosos.


"...E digo para mim mesma que está errado...
que não é assim...
que não é este o tempo... 
que não é este o lugar... 
que não é esta a vida. "
(Caio Fernando Abreu)

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