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domingo, 5 de fevereiro de 2012

ANO PASSADO, PARECE TANTO TEMPO E AO MESMO TEMPO FOI ONTEM.

Hoje eu falei para alguém que te perdi no ano passado. Depois a conversa parou. Nem eu entendi. Ano passado? Passado? Você fazendo parte apenas de meu passado? Como? Por que?  Entrei em pânico.


Foi um domingo diferente de todos que já tive longe de você. Não fui a lugares que você tivesse ido comigo, nem fiz coisas que faria num domingo ao seu lado, mas isso não me deixou em paz, nem sem pensar em você.  De fato a vida se encarrega de fazer tudo, e não tem sido fácil sobreviver a rotina cruel da vida de esquece-lo, de nos fazer entender que as coisas têm que continuar, mesmo quando você não continua, e percebo que nesta fase, entender isso é aceitar que você não volta...e eu não aceito.


Hoje eu não chorei, mas não fiquei 24 horas sem chorar, só que o tempo acordada entre 11 da manha e duas da manha de hoje, eu não chorei. Significa dizer que estou sendo curada, ou que a fonte de lagrimas secaram, não. Não passou, não passará, sangrarei por todos os dias de minha vida e não penso como algumas pessoas que dizem que há cura para isso, não há.


Sempre penso que o melhor remédio é não ser eu mesma, fingir que não sou eu, ou que sou outra pessoa enquanto tento a duras penas encarar o mundo real.  Aprendi da pior forma, que este mundo não te aceita verdadeiramente. Ele não esta preparado para ver o seu choro, o seu pesar, a sua dor e o seu luto. Todo processo que tento começar, o mundo se levanta para dizer...não. Assim você vai se machucar mais, etc. Mas nunca pensam em mim, em minha forma de reação. É obrigatório estar num padrão bem estabilizado para ser aceito.


Não vivo um padrão. Perder filho não é padrão. Perder filho único muito menos. Perder filho aos 17 anos também não.  Não é porque não sou única no mundo a perder filhos que isso é regra. Sempre pergunto, quantas mães você conhece que perdeu seu único filho de 17 anos? Eu, não conheço ninguém.  Aliás conheço uma, cujo filho morreu de complicações cardíacas, já havia feito cirurgia cardíaca anterior e que morava com uma tia e não com a mãe, mas a mãe perdeu seu filho único, já era separada e hoje, passados mais de cinco anos, ainda toca a sua vida sozinha, construiu sua casa, linda, enorme, espaçosa, e ano retrasado eu estava lá, em seu aniversário, todos comemorando muito, e ela, nos servindo chorando.  Apenas essa unica mãe conheço que tenha perdido filho único.


Se eu acho que a dor de perder filho único é maior do que perder filho que tenha outros irmãos. Não sei, sei que é dor de mãe. Só acho que retomar a vida sem filho algum é pior, outro filho consola, ampara, troca amor, investe na relação, é mútuo. Sozinha, são suas lembranças ecoando em você a falta da maternidade em sua vida.


Agora eu consegui descobrir porque não consigo retornar ao trabalho. Ainda não consigo me proteger de mim. Aquelas janelas me convidam a voar, e sei que não me controlaria nas lembranças dali. São como as janelas daqui, não olho mais minha paisagem através delas.  Penso que só num voo te encontraria. E não tenho medo de tentar, pelo contrario me sinto bem atraída em alçar vôo em sua busca, não perderia nada aqui.

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