Não, as coisas não se acomodaram. E imagino que não se acomodarão tão cedo. Dói falar, dói pensar, dói dizer...dói. Continua doendo, mas como não falamos, as pessoas acham que se acomodaram.
Na verdade acomodei mesmo foi a minha capacidade de falar de minha dor. Hoje não falo mais, minha voz irrita. Do mesmo jeito e intensidade que minhas lagrimas incessantes irritavam, por isso a escolha de chorar enclausurada. Elas ainda existem, e não se acomodaram.
Sim, ainda penso nele, e falo dele. Hoje se confunde, falo dele vivo, falo dele morto. A morte virou um marco. É sempre tudo antes e depois de sua morte. As coisas não se acomodaram.
Mas se meu silencio ajuda a imaginar que as coisas estão acomodadas, silenciemos. Percebi que meu silencio provoca o seu, e não te ver me importunando para reagir é um balsamo aos meus ouvidos. Afinal, as lagrimas nascem nos meus olhos apenas.
Nestas horas eu lembro de sapatos que tentei domar, mas eles domaram meus pés e os calos que produziram marcaram-me ate hoje. Não estou vivendo a marca de um calo que se constrói ..perdi um filho. E as coisas não se acomodam por aqui.
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