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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

NOVOS TEMPOS E ENFIM CHEGA PAULO MIGUEL!!!!

Fiquei 03 dias e meio a espera de voce chegar. E no meio de todas as lutas, penso nas coisas que devem passar pela cabeca de alguem que espera um filho.

E sim, é completámente diferente daquilo que passa por alguem que perdeu um. Alem de deserjamos o que toda gravida deseja, que venha com saude, que venha na paz! Que seja normal, que seja feliz...um pensamento sempre fica no final...que nao o veja morrer. Que náo morra antes de nos, seus pais.

E esse pensamento é recorrente todo o tempo.

Sempre pensamos no pior.

E desejamos que ele nunca mais bata a porta.

Hoje madrugada fui dormir agradecendo a vinda e a vida de Paulo Miguel, e por sua mae ter sobreviido a tres dias de internacao entre idas e vindas aos centro cirurgico. Testamos seu coracao é verdade.

Mas o pior teste ela ja passou, que é sobreviver a morte de seu filho.

domingo, 18 de agosto de 2013

MAS FALTA VOCE, RAFA!

Hoje é dia de falar de vitoria. Minha avo veio às pressas para Salvador, que dista quase 400 km de onde moramos para fazer uma consulta, pois ha sete dias nao mais andava. De uma hora para outra ela acordeou e nao andou mais. Cadeira de rodas, visitas medicas domiciliares, internacwo e nada resolveu, saimos daquele centro em busca de outras indicacoes. Assim que chegamos o diagnostico foi concluido, caso cirurgico, urgente.

Tambemtinha Paulo Miguel chegando e traendo toda a esperanca para a vida de Neide e Neguinho, seus pis, depois de dois anos que choram a morte do primogenito Rafael, vitimado no mesmo acidente que meu Rafa.

Eu estava fazendo um ano de namoro, depois de perder um filho unico, separar do marido, conviver com uma depressao pos-traumatica e namorar a distancia, era uma vitoria conseguir manter uma relacao, com qualquer pessoa, imagine com uma a distancia quase 1500 km, recem-separado e vivendo os percalcos de uma separacao e om quatro filhos extremamente amorosos que me acolheram e uma familia daquelas que aninham...era tudo muito bom, se eu nao tivesse perdido o meu. Mas a minha dor, as vezes me impedia de estar tao junto, porque felicidade demais quando voce esta sofrendo muito, se ofusca pela dor. Mas essa semana, era comemoracao. Apesar de tudo, de toda a dor. Nos tinhamos vencido. Estavamos azeno um ano juntos.

Entao era minha avó enferma, meu irmao de longe que ia chegar, mas sera assunto para outro dia, minha primeira viagem a servico depois de dois anos e tres meses, gente nova no trabalho que me tirou o sono escasso por dois dias, meu um ano de namoro, meu afilhado nascendo e o desenrolar de tudo podia ser compreendido como superação, como vitoria.

Mas falta você.

Brincamos com a situacao para minimizar o stress, afinal, minha avó com 81 anos e meu avo com 85 inspiram muitos cuidados, ambos diabeticos e hipertensos. Sem contar minha mae, completamente apaixonada pelos dois d sendo requisitada a todo instante pela inseguranca e modus operandi estressante com que ambos decidem as coisas.

Mas vir acompanhando-os tinha um peso para mim. Era semana de cemiterio, de visita, afinal passarei a semana fora a trabalho. Era fim de semana de esperar Paulo Miguel chegar e ate agora nao sei de nada, poisate a meia noite ele ainda nao havia nascido. Era fim de semana de assentar as emocoes da semana passada, onde o apetite e o sono foram castrados por conta de minha impaciencia emocional.

Enquanto espero num quarto de hotel o horario de visita de UTI, o telefone da maternidade dizendo que correu tudo bem, a mensagem de meu amor dizendo bom dia, e minha mae acordar para que eu pare de ouvi-la roncando e gemendo ao dormir..vai dando um aperto e meu pensamento sempre volta a estaca zero. Porque so isso, meu pedido mais desesperado, apesar de cheio de muita fé, não podia ter dado errado. Tudo vai se arrumando e buscando um final desejado, menos minha historia contigo, Rafa.

Falta você Rafa.

Fico me sentindo pessima, mas é assim, fico questionando, Deus o que quer que eu aprenda, tudo dando certo, e a coisa que mais Lhe pedi, mais implorei, essa nao tive chance nem de ter esperwnca. Nem de tentar. Parece muro das lmentacoes, um murmurar sem fim, mas vejo a dor dessa forma, todo dia ela aponta uma faceta nova, todo dia ela se apropria de mais um pedaco de minha vida, meu pensamento, meu coraçao, meus sonhos, minha esperanca.

Conviver com isso é como extrair petroleo de teta de vaca. Ou oce finge que o leite é preto ou que a vaca é solo petrolífero, mas olhar com a lente da realidade....voce só enxerga a dor.

BOM DIA MEU AMOR! QUE FALTA SINTO DE VOCE!

Estar em familia ainda me agride.

É incrivel que por mais esforço que se faça, e por mais que as pessoas digam voce tem que tentar, aos poucos voce consegue, eu venho tentando, ainda é muito para mim. Por outro lado, embora eu tenha tentado por todo esse tempo, expor minha figura, minha dor, minha saudade, minha lembranca, minha historia pós voce ainda é um suplicio, quando o lugar é o centro da minha familia.

Confesso que ja estive mais longe. Ficar exposta a qualquer familia era passivel dos mesmos questionamentos que hoje me imponho quando se trata da minha.

Parece que falo mais de voce. Parece que quero obriga-los a ouvir sobre voce, eu só sossego quando eles falam de voce. Mas isso eles nao fazem com frequencia ou naturalidade,a sensacao é que eles ldam com a morte melhor que eu, ou com sua ausencia. Sei que nao falam porque o esqueceram, mas acho que pensam em me poupar.

Sei lá filho. Da um desespero sorrir ao lado deles ou sentar numa mesa de restaurante e faltar sua cadeira, seu comentario, seu sorriso, sua opiniao. Todo mundo liga para saber noticias, menos voce, mas ninguem entende isso. So eu que mesmo ao entendendo ou aceitando, tenho que conviver.

Hoje acordei assim...e sim, eu dormi. Pregada pelo cansaço de uma semana de muito stress, cheio de coisas de familia, e sem voce. Acordei meio da madrugada querendo voce. Precisando de voce. Sonhando voce em todos os meus momentos a sós, porque nos momentos que eu estava acompanhada, ao falar de voce, o mundo emudece, as vezes penso que ensurdece tambem.

Nao sei porque, mas sinto que a gente - as maes sem nome, maes com dor, maes de anjos, e tantos outros codnomes que nos damos - temos essa necessidade. Falamos de voces, com a furia de quem precisa estancar a hemorragia de uma ferida aberta por onde escorre nossas esperancas por dias melhores. Mesmo assim, as pessoas que nao têm ideia do abcesso que essa dor causa, dizem, voce precisa tentar.

Estou tentando filho! So nao me impecam em dias assim, que eu deseje, quando nada, neste sistema intergalatico e comunicavel sobrenaturalmente, dizer...bom dia meu amor, que falta sinto de voce.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

SEJA BEM VINDO PAULO MIGUEL

O que faz uma mae convidar alguem para ser madrinha de seu filho?
Eu levei em consideracao a ideia de perpetuar um vinculo. Eu nao queria conhecidos. Eu queria parentes. E entre os meus. Os responsaveis.

Ao longo da vida fui chamada varias vezes para ser madrinha, mas nunca me sentia a altura. Ate que veio os que eu nao podia resistir. Filhos de minha melhor amiga, eu e Rafa eramos padrinhos.

De la para cá nao exerco minha madrinidade. Ainda me doi olhar Bia e Miguel.

Esse ano, em janeiro, a mae de Rafa Bispo (vitima de acidente com meu Rafa), me liga e diz, estou gravida, é nosso viu. E na mesma hora fala, voce é a madrinha.

E eu me pegava a pensar, meu Deus, como vou ser madrinha com o coracao tao duro, tao esteril, tao sem paciencia, tao com medo, e se eu nao conseguir ser o que eles querem e esperam, e se for obrigacao, e se for premio de consolacao, tantas coisas ruins que eu e meu botao pensavam. Sabe eu vivia um misto, do filho que ia preencher um lar enlutado, da alegria por ela ter sido abencoada de novo, um medo por nao merecer a mesma bencao, um medo de fracassar, mas apesar de toda a confusao mental, eu estava feliz.

Dali em diante, participei de tudo, cada ultrassom passava por minha mao, o dia que descobrimos que era menino choramos juntos, e bebemos em uma das missas, a de dois anos, a latinha de refrigerante com o nome Rafa.

Compramos enxoval e discutimos o nome, tinha que ter el...sufixo da presenca de Deus. Queriamos outro anjo, ela ja tinha um Gabriel, tinhamos dois Rafaeis no ceu, era chegada a hora de Miguel, mesmo nome de meu afilhado, filho de Andrea (sim, embora seja só madrinha de Bia, eles sao gemeos, nao tenho como ter responsabilidade só sobre um).


E choramos muitas tardes de domingo o vazio que só nosso coracao de mae sente. Ontem ela me ligou, e eu nao retornei, e ela dizia, seu afilhado esta de rosca, quer sair nao. E eu ri, e disse ele vira na hora certa, calma, e cuide da gente. Agora as 13:06 do dia 16/08 ela me liga e diz, ja estou internada viu, o medico vai antecipar o parto.

Meu coracao, parece que vai sair pela boca...a vida continua.

Se bem vindo Paulo Miguel, sua dinda ja esta aqui pronta para aprender com voce.

Obrigado Senhor!!!!
Hoje tem festa no ceu...

NAO ME IMPORTO

E semana passada ao conversar alguem falava de mim a uma amiga. E no meio da conversa falavam mais ja tem dois anos de Annalu sem Rafael, e minha amiga dizia, nao já, mas só, só tem dois anos, de Annalu sem Rafa. Ai uma pergunta para outra, como só, e minha amiga responde, sabe-se lá quantos anos ela vai viver sem ele, entao, agora só tem dois anos, de toda uma vida sem seu melhor amigo.

Depois ao me confessar isso, minha amiga me dizia, vejo sua dor e penso, a gente exige de voce que corra, mas sabemos que voce nao tem mais pernas, porque viver sem filho é isso, correr sem ter pernas. E eu calei aquela definicao por uma semana dentro de mim. E hoje ela precisa ganhar formas, virar historia para me ninar.

Entendo que magoei e magoo muita gente por nao atender aos desejos alheios de lidar com a dor. De nao ser a mesma que era antes de voce. Na verdade, eu mesma confesso que não soube mais viver depois de nós. E por mais habilidade que tenha o astor, minha mae, o terapeuta, os amigos, os estranhos, etc, a minha dor tem um tez, uma voz, uma intensidade e um peso, que por mais que se assemelhe a um monte de dor, ela é só minha. Sei que os amigos dele sofre como amigos, que o pai sofre como pai, que os irmaos, minha mae, meus irmaos, etc, todo mundo tem uma historia com seu peso e suas leembrancas. Mas todo mundo, todo mundo, todo mundo, continuou. Eu nao. Ninguém consegue substituir teu nome, teu rosto, teu toque, tuas palavras prontas para minhas inquietudes, teo olhar compreensivo para minhas insegurancas, teus gestos de incentivo para as nossas conquistas e acima de tudo sua companhia para meu silencio e sua alegria para minha concentração.

E por mais que sofram com o meu sofrimento, meu sofrimento nao posso dividir ou compartilhar com ninguem, tem uma porcao dele (a maior) que é especifica de mae. E Rafa nao teve duas. Fui unica, e exerci minha maternidade a partir de seu primeiro sopro de vida.

Como me reorientar a viver com superacao sem que o tempo faça seu propósito, fazer-me entender e conviver sem o nós. e logo nós, que não tínhamos mais segredos para confessarmos, então criamos os nossos, singelos codigos representados pelo dia-a-dia, era tao natural, mas era nosso, os olhares se permitiam e recriminavam rapidamente, palavras eram so figurantes, amavamos a voz e respeitavamos nossos silencios exigidos quando necessarios. Como me diz? Como? Viver sem o nós, as vezes me impede de viver comigo, me da a sensacao de que não vivo mais, apenas suspiro sonhando a vida que queria ter, vivo e vagueio pelas nossas lembranças.

Nao sei filho se morro de amor ou de saudades, e parece que nao faz diferenca, dizem que nao se sente saudades o que nao se amou, e sei que sentiu que foi amado, e muito. Nao tento superar mais nada, nao quero ser quem fui, mas desejo simplesmente que quando esse senso de falta de direcao passar, eu me torne alguem que ainda tenha a capacidade de ser captada pelo seu olhar e sensivel a nossa eterna ligacao. Acho que no fundo, ainda espero sua opiniao, como era antes, e não me importo com o tempo que vou levar ate entende-la.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

RAFA ME ENSINA A FLORESCER

Fico te procurando pelos segundos de meu tempo biologico, e pelos dias deste tempo fisico que me afasta de voce. E sempre sei de você, mesmo quando nao estou me perguntando por onde andas.
O sol frio depois de dias de chuva, noninicio de uma tarde de inverno vai confessando a lembranca por onde voce andou, e sempre percorro teus lugares, seus andares, nossas lembrancas, minha saudade.
Você me convidou para viver uma vida cheia de luz e energia, mas não sabia, ou se sabia me escondeu, que convites tinham respostas que valiam para sempre. Nao consigo entender que o para sempre acaba.
Não dispenso nem a falta que você me faz, ela é também companhia minha em dias assim. Dias em que te procuro, te percorro, te grito, mas a ausencia so ela me atende.

Pego o telefone e vejo seu nome varias vezes. Procuro seu orkut e nada nele resta escrito, abro um email para mandar para voce, penso e penso, chego a escolher as palavras, mas não irei avançar, não irei dizer nada do que ja nao conhece, nem te aborrecer dizendo o que sobrou de mim após nossa despedida.

Fecho o telefone, o netbook, as redes sociais, o email, e seguro firme a caneta em desvario no papel e quando vejo esta la, o mesmo coracao dantes, so que agora ele fica com registro de ensanguentado. E uma letra rabiscada por si mesma comomse tivesse vida propria nos quatro cantos do papel. Quiçá um bilhete pudesse ser escrito para voce. Num desses que o remetente nao recebe nunca a resposta, mas tem o AR com certeza de que foi entregue e lido por quem de direito.

Quanto tempo demora a tua hora de voltar? Isso me alfige agora. uma resposta que pudesse ser decifrada por meu coracao penoso, por minhas maos carentes de seu corpo, por meu colo desejando seu peso, e por meu rosto esperando seu beijo. A espera é sempre o tempo que uma gerbera tem ainda enquanto nao se fez flor, e vive em sua semente. Estou esperando Rafa, até lá me ensina, Rafa, a reflorescer fora de uma primavera.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

EU TE ESCOLHERIA

Pode parecer obvio, mas eu te escolheria.

Hoje um comentario besta no trabalho, onde um sobrinho reclamava da vida facil do outro, que a tia levava de carro para a escola.

Coisa de crianca quando compara a realidade. Lembrei de voce. Nunca falaria isso.

Via as diferencas, e seu senso de justica para com os outros lhe fazia indagar. Mas com voce, voce simplesmente vivia.

Muita falta de voce essa semana...e a sensacao absurda de que se eu tive a chance de escolher voce, eu escolhi porque sabia que era o melhor.

Parece obvio, mas eu te escolheria.