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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O VALOR DE UM PAI

Hoje é aniversario do pai de Rafa. E mesmo separados há 11 anos, e com tantas diferenças ao longo do caminho que traçamos e por onde andamos, duas coisas temos em comum e que nos farão andar juntos sempre. Uma foi o amor, que concebeu Rafael e que fez dele quem ele foi, e agora a dor de perde-lo.

Quando se tem um pai modelo, e tive um, a gente sabe avaliar a importância que esses pais fazem em nossas vidas. O pai de Rafa também marcou a vida de Rafa com aspectos muito positivos.  Rafa também tinha muitos trejeitos do pai. Uma mania de coçar as costas, ou melhor de pedir que cocemos suas costas, o jeito de mastigar a comida (eu reclamava muito), quando ficava nervoso tinha uma coçadinha no cabelo com a palma da mão, e não com os dedos, como a maioria das pessoas, e o jeito de sair perguntando as coisas as pessoas.  Marca registrada do pai e do filho. Quando queriam saber uma coisa, saíssem de perto porque eles só descansavam quando tinham a informação que queriam.

É comum na minha família, independente da idade, a gente se reunir e de alguma forma comemorar, quando somos pequenos, bolo e vela é obrigatório.  A família do pai de Rafa também, só ele que as vezes dizia que aniversário é um dia como outro qualquer, ainda bem que isso não valia para Rafa, nunca era um dia qualquer, nunca foi, sempre tentamos fazer dentro de nossas possibilidades coisas especiais.  Mas o mais importante é que ao longo de todos esses 17 anos de Rafa, os seus aniversários e os nossos de seus pais, buscávamos passar juntos. O pai de Rafa passou todos os anos com Rafa, eu não passei todos os meus aniversários com Rafa, por conta do trabalho, lembro que 2009 e 2010  não estava ao lado de Rafa, como não vou estar em todos os que virão, mas os dele, nunca abri mão de estar ao seu lado.

Hoje tem sido um dia muito triste para mim, e imagino que na casa do pai de Rafa também. Sei que por mais que todos se esforcem para dar forças e apoiá-lo, sua falta, filho, é imensa e inevitável não lamentá-la.  Desejei muito cedo que Deus enchesse o coração de seu pai de uma dose especial de você, que para nós você é amor, alegria, sinceridade, generosidade, carinho e festa. Perdemos isso tudo filho...você era nossa festa. 

Pensei em falar com ele hoje, não tive coragem, só achava que ia machuca-lo um pouco mais, então só escrevi e desejo do fundo do coração que ele veja seus irmãos crescerem e veja os filhos de seus irmãos crescerem também, tudo com muita saúde.

E seu pai sabe o quanto você o admirava e o respeitava, e de quantos valores você aprendeu nas lições dele. Nós sabemos de seu amor para conosco e ele nos faz muita falta hoje...Quando eu perdi meu pai, filho, eu achava que não tinha coisa pior para acontecer a uma criança, hoje eu sei que perder um filho, não importa a idade que ele tenha, é  a pior coisa que pode acontecer a seus pais.

SIM ETERNO E INCONDICIONAL PARA DEUS

Eu imaginei que fosse ser mais fácil, bem mais fácil, caminhar com Deus.  Imaginei que quando acreditamos Nele e escolhemos viver com Ele a nossa relação de intimidade estivesse resolvida, afinal Ele nos conhece, sempre nos conheceu, não acredito que se decepcione com a gente, pois penso que foi Ele que nos fez e sabe do que somos capazes, mas não imaginei que eu pudesse me decepcionar com Ele.

É tão difícil explicar, as vezes até entender isso tudo, que talvez por isso tantas pessoas falam a respeito de fé, de fato é um mistério viver a fé. Parece que fé passa a ser remédio para tudo, se tem fé, tá tudo resolvido. Descobri que não é assim. Descobri que mesmo com fé meus pedidos e crenças não são atendidos, descobri que mesmo quando não são atendidos não significa dizer que eu não tenho fé, ou ela era insuficiente, descobri que a fé também me leva para o paredão e que posso também ser eliminada dos planos e vontades próprias, também percebi que a fé não me imuniza contra a dor, o sofrimento, a perda, o luto.

Mas eu achava que não era assim. É tão clichê a gente dizer que só Deus, que Ele está no controle, que Ele te dá conforto e consolo, etc.  Porque uma coisa é dizer, outra coisa é crer e outra bem diferente é sentir.  Para ser mais claro, é como se eu mostrasse 03 cartões diferentes para pessoas de nossa época e em cada um deles estivesse escrito três palavras: Patins, Patinação e Patinar...e pedir para que cada pessoa demonstrasse a palavra de seu cartão. Sei que todo mundo saberia explicar, mas patinar de fato, poucas se atreveriam...eu fui do tempo que patins tinham 04 rodas, só que duas paralelas na frente e duas paralelas atras, e mesmo sabendo patinar com aqueles patins, nunca consegui patinar com os patins de Rafa, que tinham, 04 rodas só que uma atras da outra. Era o mesmo ato, PATINAR, CRER, mas na pratica exigia o que eu ainda não estava pronta para dar: equilíbrio.

Quando estamos decepcionados com Deus, perdemos nosso equilíbrio. Sinto-me assim, desequilibrada, eu confiava de olhos fechados, ou só não tinha a dimensão do que era o meu sim para Deus. Era para tudo, era incondicional a vontade Dele, e não condicionada a minha, e independia de minha fé, não foi a falta de fé que fez com que meu filho não estivesse comigo todo esse tempo que está com o Pai do Céu.  Eu consigo falar sobre isso, consigo racionalmente entender isso, mas não consigo sentir ainda isso, me libertar do peso desta escolha...de escolher alguém que me ame tanto que Se entregou por mim, e que também por amor tirou meu filho de mim. Parece duro dizer que Deus tirou meu filho...sei que o filho é Dele, sei que tomou de volta, mas o sentimento é de ter sido arrancado, é de posse, era meu filho.

Ainda choro todos os dias, nem sei se a palavra ainda é apropriada para essa afirmação, é tão óbvio que chore todos os dias, fico revoltada sim, decepcionada, sinto-me muitas vezes abandonada e desgraçada por isso ter atingido a minha tenda, as vezes fico com raiva de mim, de ter dito um dia Eis-me aqui, faça de mim o que quiseres...Ele fez, e está doendo, e vai doer sempre.

Mas também não consigo virar a pagina, sair do lugar e dizer: então Deus, tudo bem, Rafa está melhor aí contigo, eu sei que ele está bem (e creio nisso mesmo), e se ainda não me levou é que tem ainda planos para mim, tem propósitos para mim, ainda não consigo fazer isso. Eu tinha um único objetivo na vida, servir a Deus em família era o meu objetivo e achava que isso era também o de Deus, perdi minha família, e meu objetivo também foi junto.  E eu percebo que se eu não disser isso a Deus todos os dias, se não disser que não consigo enxergar, que não O ouço, que não entendo, que não sei o que Ele quer de mim, se eu esconder isso de mim e achar que estou escondendo de Deus, acho que isso me enfraquecerá mais tarde, acho que se eu escondo crio armas para me destruir mais tarde, é como se estas coisas tivessem o poder de se levantar para me impedir de levantar.

Não quero ficar remoendo, ou me fazendo de vítima, ou estagnada neste luto, mas também por experiencia própria, acho que tudo que a gente engole sem digerir, que a gente cala sem expressar, que a gente enterra sem discutir, isso sempre vem a tona.  É como se a gente enterrasse alguma coisa viva, como se não tivéssemos certeza que está morto, sempre vamos ficar remoendo que estava vivo. 

Então se eu não elaborar esse processo de luto e perda do meu jeito, que não sei qual é o meu jeito, e que é diferente de todos os outros jeitos que possamos imaginar, porque sou unica, meu filho era único, único de não ter mais ninguém no mundo igual e único de unigênito, vamos ter sempre a impressão de que nunca vai estar morto. E para que eu não fique remoendo sem sair do lugar, acho que escrevendo e falando sobre isso foi a forma que encontrei de não enterrar vivo o meu processo de luto e não sugerir que ele algum dia queira tomar uma proporção que eu não consiga dominar associado à variável tempo, porque se passados 06 meses a maioria das pessoas cobram que minha rotina já deveria estar normalizada, imagine se meu surto for daqui há uma década  vão me internar ou me chamar de inválida.

Olho para as fotos espalhadas na casa, sei que Rafa não voltará, sei que não irei vê-lo mais, não acredito que vou ouvi-lo, nem sei se podemos sentir e isso não ser apenas elucubrações de nossas emoções mas, mesmo assim, converso, pergunto, aliso, falo o que sinto todo o tempo, sozinha em casa, lugar onde me sinto a vontade para expressar minha dor, quase nunca tem um ouvido disponível para ouvir a minha dor, nem faço daqui do blog minha bandeira, eu simplesmente falo de cantigas e historias para ninar uma mãe...que disse sim a Deus, e o meu sim foi incondicional, para aceitar tudo, e esse tudo tem sido difícil aceitar, então eu falo, choro, escrevo, me tranco em mim, porque só eu e Deus podemos dimensionar tudo isso, só que minha balança é diferente da de Deus, e o bom é isso, Ele sabe de minhas limitações e eu nunca conseguirei pesar os recursos que Ele tem para me fazer supera-las.


terça-feira, 29 de novembro de 2011

ACORDEI TE LIGANDO

Não sei que horas fui dormir ontem, vejo os ponteiros de seu relógio (que continuo usando e as vezes tento limpar o visor do jeito que você fazia só para rir um pouco) mexerem-se e não me importo mais com o tempo que levo para apagar, sei que durante o meu apagão meu corpo precisa descansar da falta que tem carregado nos ossos e meu coração, durante o sono, não fica amargurado porque não tenho consciência, pelo menos pensava assim até hoje.


Acordei com o celular na mão, não sei como, e com a atitude de querer te ligar, percebi que sonhei. Sonhei que não almocei contigo e cheguei em casa do trabalho e você não tinha chegado então queria saber onde você estava, porque tinha tido vestibular e você já tinha dito que não ia ter aula a tarde, e não te achei em casa, queria conversar saber como vocês se saíram, etc. Não te vi em momento algum do sonho, não escutei sua voz, mas falava de você o tempo inteiro e quando vi as horas no relógio, pensei, vou ligar para Rafa e acordei filho com o telefone na mão.


Eu me contentaria com tão pouco a essa altura, com um sonho com sua voz, com um abraço, um sorriso, até  com uma ligação que se completasse no telefone.  Quando eu estava na terapia, ainda nos três primeiros meses de sua partida, a psicologa falou que eu ainda não merecia sonhar com você. Fiquei encucada e não entendi muito, mas tenho ouvido tantas coisas que não consigo processar, que não liguei na época. Hoje lembrei do comentário dela, e posso concordar, eu não merecia muitas coisas, principalmente ter tido você, tao especial, tao parceiro, tao você, tão meu.


Continuo tendo medo de pedir as coisas a Deus, pois se o que eu pedi e Ele me concedeu me fez me estrepar e  que coisas que eu pedi Ele me deu o contrário me estrepou do mesmo jeito, que acho melhor não pedir nada, inclusive as coisas impossíveis, que sei que Ele não vai mesmo fazer, tipo deixar que eu fale com você pelo menos por telefone, pelo menos para ouvir alô, ou então como você me atendia:' diga mãe, fale". São as minhas ideias de maluca filho, fico inventando jeito de te trazer de volta ou de me levar ate você, e sei que isso não acontecerá nem é real, mas no meio da dor me distraio com pensamentos imaginativos demais.


Mas se eu tivesse mesmo filho, direito a essa ligação, e poder falar contigo, de ouvir sua voz, hoje a noite, durante meu sonho da madrugada, eu cederia meu direito de falar contigo a seu pai, como presente de aniversario, para que ele pudesse ouvir a sua voz e encher ainda mais de você a vida dele, porque eu nem consigo imaginar como será o primeiro aniversário dele sem você, primeira vez que você não estará fisicamente com ele em uma das refeições.



"Alô ... tô ligando pra saber como você está
Eu tava à toa e por isso resolvi ligar
Pra contar que sonhei com você
Alô ... é tão bom ouvir de novo a sua voz
Apesar da distância que há entre nós
Tem uma coisa que eu preciso dizer:
Na verdade eu liguei
Esse sonho inventei pra te ouvir
E pra contar que chorei
E a solidão tava doendo em mim
Oh, ah ! ... eu só menti pra não sofrer
Oh, ah ! ... eu só queria te dizer:
Tô morrendo de saudade de você !"

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

VAMOS FUGIR BABY

Mãe? Que você tem? Quer que eu vá na farmácia? Dessa vez não te ouvi filho... Fui a farmácia ao medico, passei o fim de semana de molho e entre uma febre e outra, ouvia você me cuidando... você cuidava mesmo.  Deus há tinha tudo planejado e mesmo assim, cumpriu tudo... não adiantou ter orado. Fico pensando em Suas palavras sobre o poder da oração e também penso em você filho, de quando você me mandava orar...está tão difícil filho.

Penso besteiras a todo instante. Na verdade se não penso em você, só penso besteira.  Fico imaginando milhões de formulas de sair deste buraco, todas sem sucesso.  Tenho pensado muito em ir embora, acho que essa historia de fracasso por onde andei e fiz precisa terminar, tenho que descobrir qual é o meu papel mesmo, descobrir que vermezinho de jacó eu sou, e quem sabe assim achar esse sentido.  Não sei por onde andar, para onde olhar, em que direção, qual o ritmo, etc. Estou cansada também de ficar doente, cada mês uma coisa diferente...to de saco cheio de tudo e de todos.

Desse bla, bla,bla que não vai passar, dessa necessidade das pessoas de falarem e fazerem analises ao meu respeito  e me calarem porque não estão dispostos a me ouvirem e de se fazerem invisíveis ou de me fazerem invisíveis. As pessoas não tem tempo para nada, mas quando precisavam do nosso tempo...deixa para lá. Descobri que minha dor incomoda, minhas lagrimas são mesmice, chatice e repetição. Minhas camisas, um jeito de chamar atenção. Quero virar lenda numa cidade desconhecida, onde os estranhos apontem e digam o que quiserem, é mais fácil que conviver com meus pares que me conhecem e falam sem saber, não fazem ideia do que é este processo, nem se aproximam dele...abaixo o sofrimento vivamos o momento, alegria passageira do consumismo e das relações virtuais e efêmeras.  Abaixo o olho no olho, o ouvir sem julgar o estar junto e brigar junto, caramba eu tinha isso, Rafa era isso e eu não tenho mais...e  tá difícil me conformar e seguir sem ele;


Eu acho que se eu não escrevesse já tinha surtado ou morrido, pois sei que tristeza mata, as vezes acho que matei Nárnia de tristeza, mas disseram que foi vírus sinto falta dela.  Ainda abro a geladeira tomando cuidado para que ela não venha para a porta aí me dou conta que Deus quer me tratar nesta solidão, tenho vontade ajuda-lo e ir para um lugar diferente começar de novo lá, trabalho-casa-igreja sem falar de mim, sem precisar dizer quem sou (nem sei quem sou hoje) ou quem fui, sei lá, passar os dias em meditação apenas e simplesmente, e quando me cansar do ostracismo de repente entrar numa sala de bate-papo (nunca fiz isso) e fingir como a maioria das pessoas fazem.

Eu sempre disse que é melhor estar só do que com quem você acredita que largara o barco no meio do furacão e tinha a técnica de dominar o mar e não o quis, to chegando a conclusão que Deus fez isso comigo...me largou no meio do furacão.  Cada dia dói mais profundo, cada dia machuca mais fundo, cada dia me sinto mais impotente, cada dia me sinto mais só, cada dia descubro uma coisa que perdi junto com Rafa, esses dias o cuidado dele quando eu ficava mal. As vezes ele fazia lanche para ele e me trazia também, ou levava meu celular e atendia as ligações ou fechava o quarto inteiro e me punha para dormir tomando conta dos horários para ir da aula ou voltar para o trabalho.  Quando era cólica, ele sabia  que eu sempre comia doce nesse período, ele sempre mexia um brigadeiro e me dava metade, porque afora esse período ele comia todo sozinho, só achávamos a panela na pia, mas se eu estivesse doente ele cuidava e uma hora ia lá e limpava.

Nós dois juntos eramos bem felizes e bacana a parceria, os gostos, as cumplicidades...sinto falta, muita, muita...talvez isso que mais me consome lenta e sutilmente...nossa parceria, nossos segredos, nossas confidencias, tudo hoje atado a minha tristeza. Queria chorar em seu colo, outra vez e outra vez e outra vez e mostrar que eu não sou tao forte como ele achava que eu era e chama-lo para fugir...desse lugar baby, para outro lugar qualquer...desde que eu pudesse ficar doente e saber que podia contar com ele, e para todo o resto também.


domingo, 27 de novembro de 2011

O PESO DO ESQUECIMENTO

Sabe quando seu filho faz aniversario, e fica cobrando dias antes quanto tempo falta e dizendo o que vai ter na festa ou os presentes que quer ganhar?  Sabe quando você não pode fazer a festa que ele esperava então faz uma comemoraçãozinha, como a gente fala, só para não passar em branco e convida só a família e os amigos mais chegados e canta os parabéns e seu filho depois da festa cobra a presença ou o presente de sicrano e fulano, que alem de não ter aparecido ainda esqueceu que era aniversario de seu filho.  Sabe quando ele vai crescendo e você espera que os amigos façam alguma coisa diferente, que eles de certo modo comemorem, ou que o orkut dele bombe de desejos e felicitações e isso não acontece? Você se sentiria frustrado? Ninguém gosta quando o filho é esquecido, principalmente nestas datas comemorativas. Eu pelo menos defendo essa ideia.

Quando nosso filho MORRE nosso sentimento também é o mesmo, não queremos que ele seja esquecido, não para gente, não para os mais chegados, não para os amigos, e mesmo que não falem todo dia, ou que não demonstrem o que sente, a gente não quer de forma alguma que a decisão de agir destas pessoas seja repercutida como esquecimento.

Esses dias, que se passou o aniversario de 06 meses da partida dele - falo aniversario porque ele continuara fazendo aniversario de vida no dia 14, sempre comerei um pedaço de bolo, porque se ele está na vida eterna, não esta morto, então se não está morto, eu homenageio daqui e ele faz a festa lá, e agora também aniversario de partida, pois se lá é melhor do que aqui, também vou contar o tempo em que ele foi morar com o pai - mas voltando aos 06 meses, eu pensei no esquecimento.

Naquele dia 23 entrei no blog, escrevi e como sempre falo com ele no orkut. Percebi que no orkut algumas pessoas já se deletaram do orkut dele, ele não esta aqui mesmo, porque mante-lo? E vi também que isso aconteceu na comunidade que criaram para ele, cada dia mais pessoas se afastam dela..eu entendo as pessoas, mas sou mãe, e me sinto frustrada, e como se tentassem esquece-lo de alguma forma negar a sua morte e a dor que ela representa é negar também a existência dele, e para mim, mesmo que eu não veja, não sinta, não toque, não beije, não posso anular e deletar tudo que vivi ao lado dele.

Nos bancos vazios da igreja do Salesiano dia 23 e nos bancos lotados da Igreja do Bugio dia 26 com lagrimas e louvor lembrávamos dos nossos meninos, e apoiávamos mutuamente. Na missa que o pai de Rafa Menezes mandou celebrar, tinha violino e musicas que Rafael cresceu ouvindo, uma especial Como são belos os pés do mensageiro, e outra muito ouvida Sobe a Jerusalém. Na missa de Rafa Bispo, que a família sempre poe o nome do meu Rafa também, um coral veio da Serra do Machado para entoar o louvor. A coincidência, as musicas, de novo Sobe a Jerusalém.

Pensei nas duas famílias, nas nossas perdas e de como é inesquecível para gente cada um dos dias durante esses seis meses sem nossos meninos. Vejo o mesmo banner da missa de mês e aqueles olhares tão reais nos mostrando o que não pode ser esquecido, por quem não pode ser esquecido, mesmo que todas as pessoas do mundo se excluam do orkut dos meninos e das comunidades, da mesma forma que quando eles eram pequenos e nós não esquecíamos de seus aniversários, continuaremos lutando contra o esquecimento, porque sabemos e sentimos que eles não vieram a toa e que por onde passaram plantaram amor...ainda colhemos os frutos do amor deles.

Ao ver as fotos deles saírem da igreja e o nome sendo pronunciado sinto o peso do esquecimento, e por isso me fecho para o mundo, porque se não lembram mais dele, não precisam lembrar de mim, porque ele é parte de mim, a minha melhor parte, a unica que merece ser lembrada.

E como a gente não esquece, na parede da sala da tia de Rafa Bispo, mais uma lembrança que não se apaga de nossas vidas...feita em homenagem aos 06 meses longe dos nossos meninos...


sábado, 26 de novembro de 2011

UM SUPERMERCADO COM PRATELEIRAS VAZIAS

Imagine um supermercado instalado num lugar habitável, onde muitas famílias tenham construído suas residencias próximo ao lugar de instalação do prédio do supermercado, imagine que ele tenha marketing de peso e preço competitivo com outras redes, imagine que você esteja acostumado a ir sempre lá e achar as suas marcas prediletas, as necessidades de sua casa e de sua família. Você ja esta tao familiarizada ao supermercado que você sabe de cor onde ficam os produtos, como estão dispostos na seção e em que lugar das prateleiras eles se encontram.

Acho que isso acaba sendo natural na vida das famílias, não? Adotar determinado supermercado, marcas, produtos, gostos, seja por predileção, conveniência, preço, qualidade. O motivo, cada um elege para si, mas o natural é estarmos acostumados a nossas escolhas e criarmos fidelidade as mesmas.

Minha vida estava entrando neste estagio, eu tinha uma leve sensação de dever cumprido. Rafa ainda não tinha entrado na faculdade, ainda não tinha emprego, ainda não tinha construído família, ainda não andava com as próprias pernas, mas eu gostava de tudo que via nele, gostava no que ele estava se transformando, era como se a fase mais difícil e espantosa de enfrentar com os filhos, a adolescência, já tivesse passado. Sabe os medos de pais comuns, de que os filhos se envolvam com drogas, de que tenham amigos que você não aprove, de que não queiram nada com a hora do Brasil, que sejam vagabundos em tempo integral, que tenho problemas ou conflitos com suas definições de sexualidade, sabe, isso tudo tinha ficado para trás, agora iriamos enfrentar os problemas da vida adulta, e na minha cabeça, se o adolescente não deu trabalho na fase juvenil, seria mais fácil encaminha-lo para jornada adulta. 

Meu supermercado estava em ordem, um ou outro produto que faltava na prateleira era facilmente substituído, tal como o desestimulo dele para o esquema casa-colégio-casa, ele já estava ansioso para a faculdade, para estagio, para emprego e consequentemente salario.  Ou quando o produto faltava mesmo na prateleira e nenhum substituto a altura podia ser usado, como a paixão e amor que ele enfrentava e não pode ter, não porque ele não quisesse, não quiseram.  Mas apesar destes fatores, a sensação de que a vida seguia e a normalidade de condução do supermercado era tranquila para mim.

Hoje, percebo que as prateleiras estão no mesmo lugar, mas sem produtos e quanto ao supermercado eu não reconheço  onde ele está agora, não é um lugar habitado, nem famílias moram perto dele, virou um prédio vazio, abandonado, sem função, porque prateleiras vazias não abastecem ninguém nem permite que o negocio seja definido, porque deixou de ter função.  É assim que me sinto, supermercado sem produtos, mãe sem filho.

Minha maternidade virou um aberração, assim como o resto da minha vida. Não tenho papeis, o que me restaram, não tem função, não quero ser filha, irma, neta, amiga, profissional, não sei o que quero, só não quero ser esse supermercado vazio.  

Voltando da missa de Rafael Bispo, com toda a família dele presente e igreja lotada, diferente da minha família que por crença e outros motivos, nem sabe que tem missa de Rafa todo dia, me vi no meu supermercado vazio.  Chorei com Neide, mãe de Rafa Bispo, nossos sentimentos são muito parecidos, com a diferença que ela tem uma família, eu, enterrei a minha naquele dia 23. De lá não sobrou nada de meu núcleo (marido, esposa, filhos), só as prateleiras vazias.


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

DEUS EXISTE...MAS NAO POUPOU MEU FILHO E NEM MINHA NARNIA

Minha cachorra compartilhada, como eu a chamava, não resistiu... Nao sei nem o que pensar... não sei se animal ressuscita, se nos encontraremos no ceu, se Rafael ja está com ela, sei lá, no meio disso tudo só penso besteira...ouço o latido dela me chamando pedindo comida ou para limpar o cocô.  


Não a procurei, a resisti, temendo outra perda, mas ela veio parar em minha casa meio involuntariamente a minha vontade...para que?  Para eu perceber que Deus é Deus e Sua vontade soberana...e eu nem dei bolas ao que eu sentia, ao medo de perder, quando vi aquele bolinho de lã viçoso, carinhoso, que só ao me olhar ficava deitada de bruços esperando carinho no peito, amei e me candidatei a cuida-la...

Entendi Senhor sua vontade, é para que eu fique só...não te darei mais trabalho nesta área...pode tirar tudo mais que me deu, não adianta eu fazer ou dizer nada... Você sempre vence no final, e as vezes usa até nossas não escolhas para tanto...a gente resiste, como eu resisti ao baiacu de beira de estrada, ou  a Nárnia, mas Você permite e depois...sempre Sua vontade impera...e vem com essa historia de consolo, conforto e vida eterna, sei, também estou cansada de viver com os olhos naquele mundo, porque neste mundo não devo me aproximar ou me apegar a nada, quanto mais me apegar, maior a porrada que vai me dar.

E eu ainda Te orei ontem, ainda chorei Te clamando misericórdia...noite em claro, tomei remédio para conseguir relaxar as seis da manha...valeu, mas uma vez me pergunto que amor é esse? Me lembro de todos os abortos, de todos os filhos que de alguma forma não permitistes que nascesse, me puniria mais ainda hoje não acha, sem Rafa e sem nenhum outro filho, que o Senhor não impediu minhas escolhas ou as de Rafa, não tirou um miserável animal da pista e que o Senhor também não permitiu que fosse ao termino de nenhuma outra gravidez, mais de 04 vezes, não estou pondo a culpa no Senhor, só que é engraçado não...o que falo de errado prospera, o Senhor não impede e o que busco achando ser Sua vontade e me submetendo a Sua palavra também não acontece...é sempre do seu jeito, e o Seu jeito tem me feito sentir muito mal? O Senhor consegue entender que eu estou cansada? Que não sou forte como acham, e não quero ser...quero uma vida normal, sem perdas, porque tantas a minha porta?  E por que espero que Você sempre me socorra e nunca vem?


Mas posso ver a tua mão, me impediu todas as vezes que quis ir comprar roupinha, lacinho e brinquedinho de Nárnia...obrigado viu, seria mais difícil ver tudo isso aqui, restou o brinquedo que Licia deu, esta lá na cozinha, esperando seu retorno, mas agora, é só pegá-lo e jogar no lixo, como pegamos papel sem uso enrolado no chão  e também posso passar pela cortina do meu quarto, lugar que ela elegeu para dormir, e nem olhar, ou ao passar pelo corredor nem ligar por que ela não esta deitada no meio das portas...tão natural não Senhor? Para mim não...tira a mão do botão de morte em minha vida...ou de uma vez por todas, assista ao meu pedido e me leve para que eu consiga entender esse Seu Amor.

Com muita tristeza, assino como ex mãe de Rafa, ex dona de Nárnia, ex outras coisas e beirando ser ex filha do Senhor, porque tem sido muito difícil manifestar  minha fé e amor ao Senhor....com tudo que tem acontecido.


Muito maior do que a minha vontade e revolta ainda é o meu amor...hoje não exergo nada de Sua vontade, e confesso que estou tao, tao magoada, mas mesmo assim, meu sacrifício de louvor, através de uma musica que cantei muito com Rafa, num momento de perda, angustia, solidão e muita fé em Você...nada aconteceu como prometeu, mas ainda espero, sem força e mais desacreditada que antes, mas ainda aqui, se cachorro ressuscitar, deixe ela estar com Rafa e que ele saiba o nome, ele vai entender tudo...DEUS DE ALIANÇA...





quinta-feira, 24 de novembro de 2011

QUANDO A MORTE CHEGAR ESTARÃO CONSOLADOS

Assim, quando a morte chegar estarão consolados e poderá consolar a outros pois conhecerão aquele que disse: “ Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá eternamente.” (João 11.25-26).

Acordei hoje e a morte rondava mais uma vez a minha porta, a cachorrinha que minha irma comprou e que ficou aqui em casa, há 17 dias está comigo, eu que pus o nome e tem sido uma grande companheira, inteligente, carinhosa, dócil e amável, amanheceu muito doente. Nao me contive e diferentemente de minha reação com Rafael que não fiquei prostrada e sem ação, eu não consegui fazer nada, a não ser pedir ajuda a minha mãe e chorar num corpo inerte que respirava com dificuldade no chão da cozinha.

Nárnia, o nome que dei em homenagem ao ultimo filme que vi com Rafael no cinema, e cuja relação do roteiro faz uma analogia a palavra bíblica, motivando-me a ler todas as cronicas de Nárnia e permitindo que a cada cronica lida eu pudesse resumir para Rafa, comparando-a com os textos bíblicos nas narrativas mais importantes, levando todo o primeiro semestre lendo e discutindo com Rafa o que nos deu muitos excelentes momentos de compartilhar a leitura, enquanto ele me informava sobre Querido John, livro que ele estava lendo também na ocasião. Ao denominar a cachorra de Nárnia eu queria fazer referencia a estes momentos tao importantes e só meus e dele, como se só nós vivêssemos aqui, como os meninos que eram levados as terras de Nárnia. O nome completo da cachorra: Nárnia GTR (Galega Total Rojão), referencia as iniciais de Rafa e seus melhores amigos e a empresa de Sonorização que eles, os amigos de Rafa estão tocando.

Ela foi levada ao veterinário por minha mãe e Felipe, candidato a cunhado, namorado de Lícia, eu em casa em prantos só perguntava a Deus porque mais essa. Desde que ela chegou em casa, todo o cuidado com higiene e com a casa, todas as fotos que tenho dela, e são muitas, ela sempre acarinhada porque bastava chegar perto de mim ja virava pedindo carinho, as vezes eu ficava impaciente, pensando, como posso te dar carinho se meu filho não está aqui comigo. E começava a chorar e ela parecia entender tudo, nesta hora ela se virava e deitava em cima de meu pe e ficava ali até que eu tivesse câimbra.  

Ontem dia 23, um dia muito estressante e triste para mim, um dia de muito, muito choro, 06 meses sem Rafa, Nárnia tambem ficou triste no meu pé, andava devagar me seguindo e o tempo inteiro olhava para mim e meu choro, como se me entendesse, como se fosse capaz de compreender. Cheguei da missa a noite e ela bem triste, ate comentei com minha mãe, que veio em ver a noite, o quanto Nárnia estava triste que não tinha comido o dia inteiro, mas havia feito suas necessidades normalmente... minha mae comentou, claro, cachorro sente, ela sente sua tristeza e reage a ela...e eu brinquei então ela vai morrer de tristeza, porque eu fico assim quase sempre e ela nunca reagiu desse jeito.

Tomei meus remédios, mas não dormi. Ela não vinha para o quarto, onde dorme ao pé da minha cama, ou no forro da cortina do meu quarto, e eu a noite toda chamando-a da cozinha para o quarto, ate que as seis da manha, acordei de vez, fui a cozinha, tentei dar água e comida no colo, mas ela bem quieta sem fazer festa, fui limpar as necessidades dela, desinfetar a casa, faço sempre, pelo menos unas oito vezes por dia, porque ando descalça e preciso sentir o chão sempre lisinho então se ela não faz o xixi no lugar limpo toda a casa para não sentir vestígios por onde ela passou com a patinha molhada, e depois que desinfetei o piso da casa, ela começou a passar mal, convulsão, vomito, diarreia, tao rápido e Nárnia estava inerte, um cheiro insuportável, e nem eu tinha certeza se estava com vida.

Foi levada ao hospital, eu em casa chorava pedindo a Deus...Senhor, mais um não, não aguento, se isso acontecer nunca mais vou gostar de nada, e fui pensando em Rafa e esquecendo NÁRNIA e comecei a ficar desesperada, e vi que toda a minha força no dia que Rafa se foi, tinha ido com Rafa, eu não tive coragem de acompanhar Nárnia e tinha medo de ligar e saber o que houve. Cinco horas depois fui visita-la, o veterinário falou, ela chegou chocada, em como, ainda corre risco, mas esta reagindo. Ela desidratou muito rápido em duas horas, e isso é muito tempo porque ela é muito pequenininha.

Quando eu cheguei na clinica ouvi um latido, meu coração gritou, é ela, e o latido continuou durante a consulta, ai o veterinário confirmou que era ela...pensei comigo, porque com Rafa não foi assim SENHOR, porque quando eu cheguei no IML e o tempo que fiquei do lado dele, só nossa presença, minha, de minha mãe e de minha irma não fizeram Rafa demonstrar que ainda podia lutar.

A galega não voltou pra casa, continua internada e eu ano quis voltar e não ver a festa que ela faz atras de mim assim que chego, minha sombra me seguindo pela casa.  Mas uma hora eu tinha que vir. E vim e o vazio estava muito maior...pensei, o que sera que Deus tem querido me ensinar, é para aprender a viver sem ter ninguém, posso começar agora, ir morar em ouro lugar longe dos que ainda me restam e sem envolvimento o sofrimento pode ser minimizado. 

Talvez seja isso, hoje acho que nem toda forma de amar vale a pena. E por medo de sofrer não sei se Nárnia merece ficar num lugar que a morte e o abandono tem rondado á espreita, e com uma pessoa que esta trancada para amar de novo, como se minha capacidade de amar tivesse sido mexida e quebrada.  Sem Rafa aqui o amor mudou o sentido, e Nárnia estava a seu modo construindo um novo caminho...mas o cara lá de cima é quem decide, mais uma vez está nas mãos Dele, lutei muito para não ter cachorro, desisti de comprar dentro da loja por três vezes, tive a chance de trazer Nárnia num feriado para passar 02 dias como experiencia e a todas essas oportunidades resisti. Lícia foi comprou a cachorra, trouxe para casa e minha mãe "barriou", como dizia Rafa, e então Nárnia veio para o exílio aqui, e foi ficando e conquistando todo mundo, inclusive minha mãe, para quem fazia uma festa sem tamanho.

Então  me pego a pensar no verso bíblico de que quando a morte chegar estarão consolados...Senhor eu creio, mas nem episódios como o de hoje nem o processo de perda de Rafa me fazem sentir consolada...só queria que o Senhor pudesse fazer alguma coisa para mudar meus sentimentos, meu coração e que de fato eu conseguisse sentir aquilo que pronuncio em Tuas palavras...e se for da Tua vontade, não permita que aquela cadelinha morra, não deve ser fácil ser rejeitada desde pequena, não poder ficar com a mãe, e ficar amarrada e pulsionada lutando para viver...

Nárnia Galega Total Rojão, a quem eu apresentava todas as fotos de Rafa e que já sabia que no quarto dele não podia entrar para deixar rastros de seus excrementos e há mais de uma semana aprendeu isso, ele amaria rir de suas tiradas e da forma como nos segue, você seria muitíssimo beijada e acarinhada, na medida do que faz comigo, estamos esperando você...





















quarta-feira, 23 de novembro de 2011

06 MESES DEPOIS: OUTRA CONVERSA COM DEUS

Há seis meses eu conversei com o Senhor acerca de não ser nenhuma heroína bíblica que tivesse seu filho arrastado para a morte e de alguma forma ele ter sido poupado ou ressuscitado. Mas o Senhor tinha sido soberano no resultado, ganhava o Senhor, perdia eu.  Naqueles dias eu não fazia ideia dos seis meses que me aguardavam, mas o Senhor fazia...e a impressão que eu tenho, é que não me poupou de nada.  Alem da perda que sufoca lenta e intensamente, fui enfrentando o processo para descobrir como Rafa foi vitimado, e as perdas subsequentes até perceber que estou perdida, na vida, em mim e de mim.

Hoje ao levar flores no cemitério, porque mesmo sabendo que ali não tem nada, é difícil para uma mãe deixar o corpo do seu filho abandonado naquele lugar e simplesmente olhar para o alto, de onde virá (neste tempo, porque até agora não o senti) meu socorro. Não consigo ainda não ir, fui, tenho ido, chorado, conversado, escrito, me despedido e extravasado um pouco da minha dor. Então enquanto soluçava naquele lugar, conversava contigo Senhor e fazia um retrocesso em minha vida com Rafa.

E nestas lembranças me pus a recomenda-lo ao Senhor. Sei que o conheces, até melhor que eu, mas sou mãe, e como toda mãe, chata que somos quando queremos aconselhar ou recomendar ao filho qualquer coisa, falamos 10 vezes o que eles precisam fazer...então Pai, deixe eu exercer minha maternidade mesmo que de longe....

Rafael é muito talentoso e habilidoso, sei que Tu sabes todos os dons, então se precisar de alguém aí para concertar as coisas, para dar um jeito ele tem habilidades manuais fantásticas. Rafael também ama musica, som, caixa de som, barulho ritmado, e as musicas das paradas celestiais ele sempre está atualizado, então Senhor deixe ele participar de atividades onde possa exercer esse dom. Ah! ele também ama crianças e o amor delas por ele é recíproco.  Ele é cuidadoso, amoroso, atencioso e brincalhão, deixe ele ficar uma parte do tempo com crianças, é contagiosa a alegria e descontração.


Meu filho também amava estar com amigos, e alguns deles já estão aí, deixe eles ficarem juntos, fazerem coisas juntos. Por exemplo, ele amava cinema, comer sanduíche com coca-cola, jogar conversa fora, andar nas dunas, se puder deixar ele fazer isso com Rafael Bispo eles vão amar.  Rafa também estava na fase de curtir carro, arrumar, dirigir, talvez aí eles só voem, mas se tiver equipamento para voar, ensine-os a serem mais atenciosos e cautelosos e permita que eles se divirtam um pouco fazendo coisas que não tiveram tempo de fazer aqui.

Pai, ele chama todo mundo de senhor e senhora, ele pede a benção para dormir e quando sai ou viaja, ele é super beijoqueiro, e em casa ele anda de cueca, nem adianta reclamar...ah, e de meias também,  sei que aí elas não ficarão encardidas.  Não fique impaciente quando ele se arruma e fica ajeitando 500 vezes o cabelo, ele não gosta da pernas que tem, então não o faça usar short e libere equipamento de musculação pois ele define o corpo muito rapido malhando, é bem disciplinado para essas coisas.

Sei que aí não tem doença, ele tinha uma alergia tao grave aqui, mas já que aí tá liberado, tem tanta coisa que ele amava comer e as vezes fazia mal, aí bem que esses manjares podiam incluir caruru com muito camarão, carangueijo, carne de porco assada, calabresa e muito katchup.  Rafa amava charque bem fritinha e não gostava de gordura de nenhuma hipótese.  Ele aprendeu a esquentar as tortas da Baviera no microondas e assim a cobertura ficava bem derretida, a Sonho de Valsa e a Prestigio são as preferidas.  Lembrei de goiabada, se deixar, ele come um potinho numa sentada, e ele faz uma sobremesa com creme de goiaba, que era a minha favorita, choro de lembrar as vezes que me esperou de viagem com ela na geladeira...uma vez ate decorou um MAE EU TE AMO com tiras de goiabada.

Se puder deixar uma reserva de queijo, ele derrete no microondas ate ficar bem sequinho, e também um estoque de pipoca e leite condensado, é bom ter nescau ou chocolate em pó para as tardes de brigadeiro, o que ele faz é muito bom, ele também gosta de manteiga e dizia que ele comia manteiga com pão e não pão com manteiga, ele é fã de purê, eu ponho um pouco de queijo ralado e de file ao molho madeira, mas também curte muito estrogonofe de tudo, e se for dia de pizza, ele amava a do batata quente, será que aí tem alguma coisa parecida? ...só que ele não lava as coisas depois não, a não ser que eu esteja mal, então ele cuida de mim, cuidava, como pode cuidar de qualquer um aí que precise.

Sabe Deus ele é a pessoa mais otimista que eu conheço, ele sempre acha que daria certo, também muito impulsivo e criativo era meu parceiro de todas as horas, isso me faz muita falta. Também tinha um humor privilegiado, riamos muito de tudo, de nós...e choramos muito, muitas vezes abraçados.

Senhor Rafael foi a pessoa mais fiel que conheci, aguentava as barras calado, sofria sozinho e não entregava ninguém, era uma guerreiro, como eu o chamava, meu guerreiro-menino.  Pai até ele se ambientar, ele fica muito na dele, calado, observando as coisas. Mas é muito sentimental e quando se sente à vontade, ele toma conta, se encontra...como falamos aqui...se acha. Ele se achou em vários lugares e com muitas pessoas...e eu hoje me perdi completamente sem ele.

E por fim Deus se tiver uma mãe aí com muito amor para dar, deixe que ela dê colo ao meu menino e permita que ele se sinta muito amado, com amor de mãe, porque foi o que ficou aqui comigo, um amor sem fim que nem a morte, a distancia e a saudade podem impedir  que ele cresça em mim.

E todos esses pensamentos me invadiram no cemitério e me dei conta que há meio ano sobrevivo com essa dor...e não me canso de pedir a Deus que cuide de meu Xeberel  por mim e me leve logo, não vejo sentido em nada por aqui. A alegria dele me faz muita falta.  


Ele era festa, cuide dele por mim e para mim...sinto falta de sua espontaneidade, as vezes vejo esse video varias vezes no dia para lembrar de sua voz, e de nossos dias maravilhosos juntos.

E para você Rafa...queria que soubesse que eu TE AMO ainda mais, porque tudo tem outra dimensão  porque vejo seus atos heroicos e sua gigantesca doação e generosidade, elas ressaltam a pessoa linda que você foi...hoje escrevi para você: " fui te ver, levei flores e lagrimas..uma angustia do tamanho do mundo e uma saudade que nao cabe no peito...dor e desespero...no lugar de seu sorriso, sua risada, seu toque, sua alegria e a paz de estar contigo...
hoje chorei sentindo falta de futucar as espinhas, de te ver arrumando o cabelo, de meus perfumes acabarem mais rapido, de tantas coisas que a gente ria quando eu te imprensava...hoje so lembranças que nao voltam mais....
meio ano...vida inteira...
te perdi e as lembranças nao sao capazes de me consolar...
nossa historia era linda mas nao consigo conjuga-la no passado...desejo um futuro instantaneo, so assim tera graça novamente...preciso de voce, quero estar ao seu lado.
AMO VC"

terça-feira, 22 de novembro de 2011

NÃO DÁ MAIS.

Sabe Deus não dá mais.  Fico me perguntando se o Senhor tem casa, tinha emprego, tem amigos, tem família, porque não vejo esses relatos em Sua palavra, não consigo aplicar aquele em Seus passos o que faria Jesus, porque simplesmente, quando Jesus foi assassinado, pela crucificação, não consta Maria dizendo como ficou a casa dela, nem o Senhor falando quão vazia estava sua vida, seus projetos, sua casa.  Não tece comentários de como era chegar do trabalho e não ver seu filho, e seu tempo de espera foi de apenas 03 dias.  Sabe, tudo isso porque você é Deus.

Mas e eu Deus, e Rafa...Somos seres miseráveis dependentes de Ti  e de Teu amor, graça e misericórdia, se achava que eu merecia tudo isso, Meu Deus porque não me impediu antes que eu pecasse o suficiente para perder um filho, se não tem a ver com merecimento, e acha que eu precisava ser profundamente ferida para ser poderosamente usada em sua obra, a ferida que você me causou tem me afastado de Ti cada dia mais, tenho medo de me aproximar de você de novo, e mais uma vez me decepcionar. 


Tenho consciência de quantas vezes te decepcionei, Senhor, mas já ouvi tantos relatos de pessoas que intencionalmente iriam pecar, tramavam tudo, confabulava e alguma coisa alheia a vontade da pessoa acontecia e o resultado esperado não se concretizava. Por que não me preparar desse jeito, impedindo que isso tivesse acontecido e me moldando, mas arrancando de mim, de  minhas entranhas, aquilo que havia me dado...nunca te pedi...mas quando me deu, amei profundo e intensamente, se ia fazer isso, porque não me fez uma mãe desleixada, desapegada, a toa...aí não doía tanto. Por que me deu um filho maravilhoso, sincero, generoso, companheiro, meu melhor amigo. 

Já ouvi tantos pais desejarem a morte ou o mal dos filhos...e o Senhor faz comigo...como, por que, para que?


Esta semana eu li um pensamento sobre o tempo, que define muito bem o que tenho passado, dizia o seguinte: "O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções."



Não dá para ficar tapando o sol com a peneira e dizer que sinto Seu consolo, porque não sinto. Cada dia tem sido pior, tem sido difícil, o tempo não tem curado minha dor, pelo contrario, a cada dia que se passa dói mais, dói pensar que o Senhor permitiu isso tudo, dói pensar que esse era o Seu melhor para mim, dói pensar que eu estava tão próxima de você, Pai, e perdi tudo... não sei se consigo me aproximar de novo, você tirou meu chão.

Desde que eu me aproximei de você e Sua palavra, minha vida virou de ponta cabeça, nunca vi tanta provação, tribulação, confusão, sabe...e a gente ali, no Seu pé, Te buscando, Te clamando, e agora essa...ainda estou desnorteada, Você era minha bussola, Rafa meu norte... então toda vez que olho para Você, e lembro que não tenho norte, não fico a vontade em olhar a bussola...nem de sair do lugar perdido onde me deixou.

Sinceramente Deus, não dá mais... não consigo segurar nada...estou jogando a toalha.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

QUE AMOR É ESSE?

As vezes páro um pouco e tento elaborar tudo isso, e vejo que alem da dor e saudade fica uma raiva, uma mágoa tao grande que não cabe em mim.  Eu sei que Deus ama, mas não consigo entender as vezes esse amor. Não me sinto uma pessoa melhor que os outros, mas me vejo como pior quando penso em tudo que tem acontecido, será que eu só poderia ser usada na obra mesmo se passasse por todo esse sofrimento? Não consigo entender ou aceitar isso. Eu queria odiá-Lo várias vezes, mas não consigo e sentir amor por uma pessoa que tem me maltratado tanto também tem doído, queria não crer mais, acho que estou entrando em outro estagio, o da crise de  fé.

Não sei também se isso tudo não é reflexo do amor Dele, porque sempre soube que Ele é fiel, então Ele entenderia tudo, a verdade é que todos os meus valores estão ruindo comigo, todas as madrugadas, todas as manhas, todas as horas que fico sozinha, e começo a preocupar-me de que o plano Dele não vai dar certo, eu não quero ser usada para minimizar a dor de outras pessoas que passam pelo mesmo sofrimento, porque não dá mesmo para minimizar nada, dói, sufoca, entristece,  mata e pronto.

Que amor é esse, que mesmo sabendo de tudo que ia acontecer e como eu ia me sentir e reagir permitiu que meu filho partisse, que amor é esse que quer me ensinar pelo sofrimento, pela angustia, pela perda, pela solidão, que amor é esse que para tantas besteiras e escolhas ruins que fiz na vida deixou que elas acontecessem não me impediu e agora que deveria ter impedido não fez nada, viu seu filho ali estendido na chuva de uma BR sozinho, e deixa duas mães neste estado. Nao consigo, sinceramente entender que amor é esse.

Sinceramente Deus, se você tivesse facebook eu apostaria que ninguém teria curtido sua postagem quando você publicasse que permitiu, que deixou, que chamou Rafael para perto de você. Eu não acredito que enfrentei metade de um ano te suplicando todas as noites e suspirando seus cuidados para com ele ou que me chame também...seis meses. Porque 2009 tao próximo de mim, se revelando a mim e permitindo tanta coisa ruim acontecer, sinceramente se aproximar para magoar, ferir, apartar, separar, você me conhece, eu não sou desse tipo, nao reajo bem a essas estrategias e com você, tem sido mais difícil ainda, me sinto traída e enganada...e olhe, mesmo eu sendo descendente de Adão e Eva, nao fui eu sabe, eu tenho outros trilhoes de pecados, mas o preço tinha que ser eu pagando, nao meu filho, com sua vida...fizeram contigo e o Senhor está fazendo comigo...tá doendo viu...muito mesmo 

Sabe Deus:


Por onde quer que eu vá
Para onde quer que eu olhe
Eu vejo Rafa, mas só eu vejo Rafa...
Porque ele de fato não está aqui...nem eu, pois ainda não me encontrei.
Porque aonde quer que eu vá
Sempre será um lugar onde eu nao queria estar
Porque vou estar sem Rafa....
Isso dói tanto Deus, mas voce não sabe o que é... não sente isso...voltar para casa todos os dias e saber que eu e Rafa nao nos encontraremos...
Aonde quer que eu vá, levarei ele comigo, contrito, adormecido, contido...porque é assim que eu estou desde que não o vejo do lado de fora, só do meu lado de dentro.
Dia 23 seis meses sem vê-lo, meio ano sem ele...Como? Por que?
E o Senhor sabia disso tudo e do tamanho da dor...e ainda quer me usar... misericórdia... que amor é esse?  Mude a estrategia comigo Senhor, porque eu não aguento mais...estou no meu limite....

domingo, 20 de novembro de 2011

QUERIA QUE ELE ESTIVESSE AQUI.

Não vejo a hora que ele acabe...sei que não vai mudar nada, mas se eu pudesse e tivesse opção abria mão de tudo que vivi para não ter passado por este ano.  Não consigo contar as bençãos, e sei que tive muitas, mas meu coração encerra o ano amargurado, magoado, ferido, cortado, arrasado.

Será que a unica forma que temos de aprender é com sofrimento mesmo? Sera que não poderia ter o plano B para que passássemos por este ano, sem tantas feridas, sem tantas porradas?  Aquele negocio de que quem faz aqui paga aqui, tá doendo muito, será que o preço pago é o devido? Que amor é esse que salva e liberta, e ao mesmo tempo, provoca a morte?   Tem dias que fico assim, completamente zonza, e sem norte para pensar.

Saí de casa para acompanhar um casal de amigos, a famosa doidinha de Rafa, que acabou de perder seu pai, hoje pela manha, e eu não podia deixar de estar com ela, mesmo sem sentir meu corpo e sem ter controle sobre minhas emoções, que desde sexta, pela quantidade de medicamento, não me sentia muito próxima do corpo, era como se eu não estivesse no meu corpo, como se eu pairasse no ar, sei lá, coisa de maluco.

Mais uma vez a morte, e mais uma vez o luto.  Uma família perde seu cabeça, cinco filhos ficam sem pai, uma mulher sem marido, uma mãe sem filho, uns irmãos sem irmão.  Eu olhava aquelas três crianças e pensava, vocês nem sabem o que vem pela frente, a porrada que a vida tem preparada, e tentava pedir a Deus para cuidar deles, fiquei com a mais nova no colo, 07 anos, meu Deus, sem um pai que ela cuidava, controlava a hora dos remédios, pegava os remédios e tomava conta dele.  Eu olhava para ela e questionei sobre se ela sabia, quem tinha falado, tentei fazer com que ela falasse, com que desabafasse, e dentro de mim, eu voltei a 26 anos atrás.

Fiquei o dia mexida, via minha amiga ali, passando por tudo aquilo. Seu marido, que também há menos de um ano perdeu seu pai, e que falei no blog do dia dos pais sobre ele, pois era o primeiro dia dos pais dele sem o pai querido, e não consegui dizer a ela nenhuma das palavras bonitas que me disseram, nem busquei conforto na Palavra para ministra-la, tentei ser companhia e ser pratica apenas...mas não consegui dizer nada, porque sei que nada conforta nesta hora, talvez não estar sozinha, não se sentir sozinha seja uma coisa importante a ser feita nestes dias.

A gente foi discutindo sobre a lei da causa e consequência e acho que isso não deve valer para o plano espiritual, acho que Deus é misericordioso demais e poupa muita gente de muitas coisas, eu nem consigo trilhar uma linha de pensamento a esse respeito, eu só queria dizer que alem de tudo, 2011 foi o pior ano de minha vida...em todas as áreas.  E sinceramente, não espero mais nada da vida... medíocre e sem graça.

Depois de toda a assistência limitada que prestei, fui na casa da Cora dar um beijo em Rafa, e ele me perguntou, apesar de ter brincado com o meu Rafa muitas vezes, se eu tinha filho. Respondi: Tive e a voz embargou e as lagrimas caíram sem controle, não falei nada, e ele completou: tia eu não queria que ele tivesse morrido, queria ele aqui, mas quando você for para o céu encontrar com ele, dê um beijo nele por mim...

Queria poder fazer isso agora Rafa, dar o beijo que você pediu...e todos os zilhões de beijos que guardei desde que o meu Rafa partiu.

Pus para fora tudo que estava trancado, a caminho de casa, mesmo eu não tendo a pouca idade de Rafa de Cora, era o que eu queria ter dito a doidinha, queria que seu pai tivesse aqui...


sábado, 19 de novembro de 2011

RECAIDA

Tive uma recaída muito forte, ter ficado com os colegas de turma e todo o colégio por quase 06 horas ontem me deu uma serie de emoções com as quais eu não precisava lidar tinha um bom tempo, e ao mesmo tempo que foi muito bom, em muitos momentos me sentia leve, sem o peso da morte, mas hoje, com esse vazio, noite em claro e apenas fotos enchendo a casa...recaí.

Talvez recaída faça parte do resto de minha vida. Converso com outras mães, Neide de Rafa, Márcia de Teteu,  a mãe da Vantajosa e seus dois filhos, e todas fazem uma leitura do tempo muito parecida com a minha, a mãe de Dani, Andréa, que acabou de perder o pai e ontem desabafa um pouco comigo, falava dos remédios e da depressão. No nosso caso, o tempo cada vez que passa marca com uma dor mais forte, é avassalador, a cada dia mais saudade. Por isso principalmente nesses momentos que ainda não conseguimos lidar direito com as emoções,  nem sei se um dia saberemos lidar com isso, recaídas são aceitáveis, e viver as situações é se jogar de cara a estas recaídas...decidi que mesmo que doam e machuquem, prefiro pagar o preço da dor e lembrar dele junto com outras pessoas, ouvir dos outros a falta, o carinho, etc, do que me anestesiar e sofrer por não ter tentado.

Tentei ontem, hoje recaí. Um aperto toda a madrugada e muito choro ao ver que tudo acabou. Hoje sábado...outro sem ele. Vejo suas fotos na parede de mural, e misturadas a emoção de ontem, como me conter e não explodir com sua ausência, com a dor que ela causa, com o vazio que toma conta de minha vida, e com a falta que ele me tem feito.  

Tudo ontem machucava: a alegria sem você, Mirabel com Felipe, Andréa com Dani, Salete com Tico, Kleber com Luana e eu sem você. Os meninos resenhando, dançando, pulando na piscina, passando sufoco no "carro de açúcar", como você o chamava - que fiz questão de participar para de alguma forma contribuir com eles por você, por eles, e eles aguentaram firmes 04 horas naquele calor e aperto - desfilando...em tudo que acontecia eu imaginava você participando, se virando, zoando, querendo estar em todos os lugares ao mesmo tempo, bem do seu jeito, liderando e querendo dar jeito em tudo, reclamando quando era desclassificado, irritando para ganhar os pontinhos, não se dando por vencido para perder e competitivo como era, ontem tudo era muito você.

Hoje tudo doía no fundo da alma...não quero estar só te representando sabe? Queria você participando de tudo... e hoje, sábado, nosso dia, tudo dói mais fundo, cala na alma, fica mais dolorido olhar em volta e não te encontrar, se quiser tem um pouco de você, tenho que olhar para dentro de mim, hoje nada em minha volta me faz sentir como ontem, hoje só as marcas de ontem me enchem de saudade e dor.

Provavelmente hoje também doa mais em sua Tia, que vai para o Odonto e sonhou em te levar, achava que esse ano você me convenceria a deixa-lo ir, afinal ela iria, estava emancipado, todos os tios estarão lá...e teria tudo que você queria ver, alegria contagiante, festa descolada e DVD do Rojão Diferente gravado ao vivo.  Mas você...

Meu consolo nestas horas é pensar e me convencer que você está melhor do que nós.  Mas nem sempre é fácil adotar essa postura, pois mais uma coisa em que você adoraria participar e não estara aqui...sei que vai doer nela, como já dói em mim, nos dar conta num mundo de alegria aparente que o mundo só pára para aqueles que sofrem por saudade...Nosso mundo hoje está parado, recaída nos faz perceber o quanto celebrar a vida sem você não tem feito sentido.


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

EU QUERO VER VOCÊS SEGUIREM...SEMPRE

Talvez hoje fosse um dia só para postar o vídeo, e as imagens falariam por si, mas não posso. Gincana 2011, etapa Graccho. Terceiro Geral. Não avisei a ninguém que iria, mas acordei obstinada a ir, tomei medicamento o suficiente para estar inteira, queria apoiar, torcer, participar, representar a altura do que ele era.  Peguei as maquinas pedi apoio em casa e fui.

Muito bem recebida pela Coordenação, Passarinho veio me dar uma camisa, igual a da turma dele...Direção abraços, um pit stop no segundo ano, turma de Tico, e as meninas super envolventes falaram comigo, cuidaram de mim, compartilharam as tarefas até que o terceiro geral chegou...primeiro os meninos, depois as meninas aos poucos foram chegando...

Vivi uma tarde diferente, um barulho ao qual não estou acostumada, muito tempo sentada, e muitas horas no mesmo lugar...uma proeza, pois desde que Rafa se foi, só fico esse tempo todo em casa, no posto ou na casa de minha avó, mas os remédios me davam uma contenção e aceleração em tudo... então fui ficando, fiquei ate o final.

Vibrei em cada prova, torci a cada desafio, ri em cada proeza e resenha que faziam...senti falta dele, quando vi os meninos dançando, não segurei, Tico me segurou...no vídeo que fizeram, não seguramos, sentados lá na quadra eu e a turma, compartilhamos muitas risadas e algumas lagrimas...quando voltei para meu lugar, Lícia, Tico, Alexandre, outro Tiago, ninguém ficou imune aquelas imagens, nos associamos na saudade, e demos a volta por cima.

Tiramos algumas fotos...eu e Felipe Mateus, o resultado...este vídeo...minha eterna lembrança da ultima gincana que meu filho participaria na escola...depois viraria gente grande, compromissos da vida adulta lhe esperariam.

Aos valentes guerreiros destemidos do Terceiro Ano Geral ...meus agradecimentos por compartilharem tanto comigo...obrigado.

A vocês...desejo todas as bençãos do Senhor!!!!

E ao que depender de vocês...que vocês sigam os sonhos, que eles durem para sempre, que vocês cumpram as promessas que fizerem,  que vocês tentem e acreditem que são capazes, e que levantem todas as vezes que caírem. Acreditem que os dias durarão, não desistam, insistam sempre, que a unica guerra que participem é para encontrar a paz individual e transmiti-las aos que lhes rodeiam, e quando tudo isso fizer falta, revejam a mensagem que vocês deixaram para a escola, não usem rótulos, não importa do que lhes chamem, sejam vocês, por onde quer que andem e aonde quer que vão.


Sejam os melhores que puderem ser, para si e para os outros, e na nossa caminhada, cada vez mais distante, pelos caminhos diferentes que escolheremos percorrer, que uma saudade e uma promessa nos unam...que iremos nos encontrar naquele lugar, ele estará nos esperando, como vocês mesmos disseram, guardando nosso lugar.

Amo vocês em Cristo.



Eu sei!
Que os sonhos são pra sempre
Eu sei!
Aqui no coração
Eu vou!
Ser mais do que eu sou
Pra cumprir
As promessas que eu fiz
Porque eu sei que é assim
Que os meus sonhos
Dependem de mim...
Eu vou tentar
Sempre!
E acreditar que sou capaz
De levantar uma vez mais
Eu vou seguir
Sempre!
Saber que ao menos eu tentei
E vou tentar mais uma vez
Eu vou seguir...
Não sei!
Se os dias são pra sempre
Guardei!
Você no coração
Eu vou!
Correndo atrás
Aprendi!
Que nunca é demais
Vale a pena insistir
Minha guerra
É encontrar minha paz...
Eu vou tentar
Sempre!
E acreditar que sou capaz
De levantar uma vez mais
Eu vou seguir
Sempre!
Saber que ao menos eu tentei
E vou tentar mais uma vez
Eu vou seguir...oh, oh, oh!
Eu vou tentar
Sempre!
E acreditar que sou capaz
De levantar uma vez mais
Eu vou seguir
Sempre!
Acreditar que sou capaz
De levantar uma vez mais
Eu vou seguir
Eu vou, eu vou, eu vou
Sempre!...